Os Jogos Olímpicos de Tóquio terminaram no último domingo (05), com o encerramento das Paralimpíadas. Assim como já havia acontecido nas Olimpíadas, nos Jogos Paralímpicos a questão migratória teve destaque em diferentes momentos. Aqui, fazemos uma retrospectiva com os principais momentos onde as Paralimpíadas mostraram ser também um palco de celebração da inclusão e da diversidade.
Equipe Paralímpica de Refugiados
Pela segunda vez na história, a Equipe Paralímpica de Refugiados, “a equipe esportiva mais corajosa do mundo“, esteve presente competindo com a bandeira branca com o símbolo dos Jogos – a estreia foi em 2016 no Rio de Janeiro, com dois atletas. Agora, em Tóquio, a delegação foi representada por seis esportistas, provenientes de países tão distintos quanto Síria, Afeganistão, Irã e Burundi.
Um destaque foi Alia Issa, a primeira mulher paratleta refugiada da história dos Jogos. A síria, nascida na Grécia, chegou à final na modalidade de Arremesso de Taco F32 e terminou na sétima colocação.

Outro atleta do time que chegou à decisão foi o afegão Abbas Karimi, nos 50m borboleta S5. Karimi, que saiu do Afeganistão em 2013 e viveu na Turquia antes de migrar para os Estados Unidos, em 2016, terminou a competição na oitava colocação. Também disputou na modalidade 50m costas S5.

Um grande exemplo de superação foi dado pelo sírio Ibrahim Al Husseim. O sírio, que atualmente vive na Grécia, entrou na piscina para a disputa dos 50m livres S9 com somente um dos pulmões funcionando. Apesar da grave lesão, o atleta fez questão de competir para completar a prova e homenagear os cerca de 12 milhões de refugiados com deficiência espalhados pelo mundo. Ele já havia competido na Rio 2016, quando foi o porta-bandeira da Equipe de refugiados.
Por último, o atleta do Burundi Parfait Hakizimana, que mora no campo de refugiados de Mahama (Ruanda), enfrentou na estreia do Taekwondo K44-61kgs o brasileiro Nathan Torquato, que acabou vencendo o combate.
Atletas migrantes
Diversos outros atletas de destaque têm a migração como uma marca de vida. A nadadora norte-americana Jessica Long, que conquistou em Tóquio três ouros, duas pratas e um bronze, nasceu na Rússia e foi adotada aos 13 meses antes de migrar para os Estados Unidos, onde vive atualmente.
Outro que fez uma Paralimpíadas especial foi o congolês Salum Kashafali, que conquistou para a Noruega o ouro nos 100m classe T12, marcando o novo recorde mundial e o tempo mais rápido da história dos 100m nos Jogos Paralímpicos. Kashafali se mudou para a Noruega quando tinha 11 anos para escapar da guerra civil no seu país natal. Ele, que chegou no país nórdico falando somente suaíli e francês, acabou se adaptando ao novo lar e ali descobriu o atletismo, que virou uma paixão e possibilitou que tivesse a experiência paralímpica. “Tudo é possível. Não importa se você não pode ver ou andar. Você sempre pode fazer alguma coisa. Levante-se, treine e faça o suficiente para ter sucesso”.

Expectativa para Paris 2024
Após os treze dias de competição, as Paralimpíadas encerram os Jogos de Tóquio 2020, marcados pela complexidade do contexto pandêmico. Fica agora a expectativa dos amantes dos esportes para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024 em Paris, quando novas conquistas serão celebradas e novas histórias conhecidas, valorizando o espírito olímpico e a diversidade humana.
