Imigrantes protestam por trabalho decente em São Paulo.

Um grupo de cerca mil imigrantes, de várias nacionalidades, marchou no centro de São Paulo domingo 0 de dexembro, para reivindicar cidadania universal e trabalho decente.

Os manifestantes saíram da praça da República, pararam em frente à Câmara Municipal e seguiram até a praça da Sé, onde foi realizado um ato ecumênico.

Após a bênção dos religiosos, Roque Patussi, 49, coordenador do CAMI (Centro de Apoio ao Migrante), gritou palavras de ordem em um carro de som e convidou lideranças de movimentos sociais para comentarem o tema da marcha.

De acordo com Patussi, o trabalho decente foi escolhido como foco porque há um grande número de imigrantes que chegam ao Brasil em busca de oportunidades de emprego e acabam caindo nas mãos de exploradores.

O coordenador explicou que estas pessoas têm jornadas de trabalho excessivas, ganham pouco e têm os documentos retidos. Por esta razão, segundo ele, existe a necessidade de conscientizar as vítimas de seus direitos.

Verônica Quispe Yujra, 33, dentista boliviana, aproveitou o protesto para relembrar outros problemas enfrentados pelos imigrantes. Ela criticou um acordo bilateral entre o Brasil e a Bolívia que foi criado para facilitar a residência de imigrantes em ambos os países, mas que, segundo ela, esbarra na burocracia.

A dentista reclamou das taxas cobradas pela Polícia Federal e dos maus tratos sofridos pelos imigrantes ao solicitar residência.

“Queremos uma Secretaria de Imigração para que a nossa transição seja mais tranquila.”

Dentre as reivindicações, ela também destacou a habitação. “Não é só o direito de morar, mas morar em condições dignas”.

A sexta edição da Marcha do Imigrante chegou ao fim com apresentações de grupo folclóricos da Bolívia e do Paraguai em frente à Catedral da Sé.

Thiago Baltazar

Folha de S. Paulo – 05/12/2012