Casal árabe – ele libanês, ela tunisiana – decide ter bebê no Brasil para dar ao filho mais uma opção de nacionalidade. O pequeno Ryan veio ao mundo no dia 14 de agosto, em São Paulo.
Não são só médicos estrangeiros que estão interessados no Brasil: a globalização já chegou aos bebês. Com o objetivo de oferecer um amplo leque de oportunidades ao filho no futuro, o casal Hassan Khattab, 36, e Rim Boussaha, 35, – ele libanês e ela tunisiana – decidiu ter a criança em território brasileiro. O pequeno Ryan veio ao mundo em 14 de agosto, no Hospital e Maternidade São Luiz do Bairro do Itaim, na zona oeste de São Paulo.
Hassan e Rim nunca haviam estado no Brasil, mas queriam que o filho tivesse mais uma nacionalidade, para ter maiores possibilidades de escolher onde morar e trabalhar quando crescer. “Queríamos que ele tivesse um novo passaporte, pensamos em um país, talvez ocidental, que fosse bom, tivesse uma economia forte”, disse Hassan por telefone à ANBA.
“Países como Canadá, Estados Unidos, Brasil e outros da América do Sul dão passaporte [local] para a criança [que nasce em seu território]”, acrescentou. O mesmo não ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde o casal vive.
Hassan afirmou que pesquisou na internet informações sobre diversos países. Sua primeira escolha foi os Estados Unidos, mas, segundo ele, o processo para viabilizar o desejo era longo e poderia não estar concluído antes do nascimento do bebê. Um dos fatores que pesou a favor do Brasil foi o fato de tunisianos não precisarem de visto para entrar no País, o que garantiu o ingresso de sua mulher sem burocracia. A existência de um voo direto de Dubai a São Paulo, sem escalas, também ajudou.
À distância o casal escolheu a maternidade, alugou imóvel para se hospedar, contratou advogado para tratar dos trâmites legais e até pesquisou sobre os restaurantes árabes existentes na capital paulista. Que não são poucos, dada a enorme comunidade de origem árabe, principalmente sírio-libanesa, que a cidade abriga. Hassan e Rim, porém, não têm parentes no Brasil.
De licença maternidade, a mulher veio antes, o marido, poucos dias antes de ela dar a luz. Também por telefone, Rim disse que passou bem a temporada no Brasil e que a maternidade foi “uma escolha muito boa”. “A única coisa que eu senti falta foi da língua, aqui as pessoas não falam inglês”, disse ela. Em Dubai, como a maior parte dos residentes é estrangeira, o inglês é amplamente utilizado.
A mãe afirmou que pretende fazer com que o filho aprenda português e o pai acrescentou que a família planeja vir de férias ao Brasil quando a criança estiver maior. Ray vai ter que esperar para conhecer o Brasil de fato, pois na próxima semana, antes de ele completar um mês, a família deve viajar para Dubai.
“Fizemos tudo isso por ele, para que ele tenha mais oportunidades de trabalho e mais chances no futuro”, destacou Rim. “Se ele quiser, poderá talvez vir estudar aqui ou até morar”, declarou Hassan, destacando que o filho poderá se sentir em casa no Líbano, na Tunísia, em Dubai e no Brasil.
Isso não quer dizer que Dubai não tenha oportunidades. Hassan, que saiu do Líbano aos 17 anos, viveu e estudou em países como Chipre e Austrália, ressaltou que trabalhar no emirado é “um sonho” para muita gente e que ele e a mulher têm bons empregos, mas os Emirados não dão nacionalidade para filhos de estrangeiros.
Ambos trabalham na rede Paris Gallery de lojas de perfumes, cosméticos e acessórios finos que tem pontos de venda ao redor dos Emirados, ele como gerente da divisão de perfumes e ela como gerente de marca. Hassan é formado em Administração de Empresas com especialização em Marketing Estratégico, e Rim é economista.
Ele está em Dubai há 12 anos, ela há 10 e se conheceram no trabalho. “Eu pedi ela em casamento e, por sorte, ela aceitou”, disse Hassan, bem-humorado. O casal não quis enviar fotos para ilustrar esta reportagem alegando respeito a questões culturais.
Alexandre Rocha
(ANBA – 29/08/2013)
