IMIGRANTES AFRO-ISLÂMICOS NA INDÚSTRIA AVÍCOLA HALAL BRASILEIRA

Imigrantes afro-islâmicos na indústria avícola halal brasileira

Esta pesquisa trata da mobilidade do trabalho de imigrantes africanos no Brasil, identificada como uma particularidade determinada nos movimentos migratórios contemporâneos, a partir do caso dos afro-islâmicos nas indústrias avícolas do país, especializadas na exportação de frangos para o mercado muçulmano internacional. A inserção da força-de-trabalho desses imigrantes aponta para um conjunto de questões culturais, políticas e econômicas que se apresentam geograficamente no território brasileiro, e que, no contexto da globalização e da
crise do capital financeiro internacional requer uma forma particular de abordagem teórica e a respectiva crítica das formas apologéticas de conhecimento. O estudos de tais relações em uma perspectiva de crítica ao dualismo (geográfico, histórico ou cultural) abre no olhar sobre a mercadoria halal a visão geral sobre o moderno fetichismo da mercadoria.

Atentando à situação da produção brasileira, com aporte de capitais internacionais atraídos por suas altas
taxas de juros, passa por um momento de expansão fictícia da economia, pautado pela possibilidade de endividamento público em associação ao aumento das demandas de mercadorias, como a soja e o minério de ferro – acompanhados do voo rasteiro dos frangos export. A exposição crítica da história de formação do setor agroindustrial brasileiro pode contribuir para uma caracterização das metamorfoses da reprodução do capital e sua
dominação social subjacente, ao mesmo tempo em que problematiza os fundamentos do chamado neo-desenvolvimento nacional como um momento particular da modernização fictícia.

Em relação ao setor avícola, tal expansão seria inimaginável sem os aportes do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), as altas taxas de rentabilidade do mercado de derivativos financeiros e a expansão da fronteira de exportações para mercadorias brasileiras – com destaque para os países de chamado consumo halal, em alguns casos abertos pelas próprias guerras Américo-Sionistas, como a do Iraque, que criou
reinos de prosperidade aonde Allah abençoa o recrudescimento do patriarcado moderno. Em consequência da expansão do setor, surgiu no Brasil uma “burocracia halal”, formada por empreiteiras que comandam uma força-de-trabalho qualificada para “a sangria” nos frigoríficos que produzem mercadorias halal. A exemplo do Grupo de Abate Halal, sediado em São Bernardo do Campo, formado por empresários oriundos da comunidade sírio-libanesa erradicada no Brasil desde o final do século XIX.

Allan Rodrigues de Campos Silva

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