MULHERES, AFETO E A PESQUISA COM CASAIS INTERCULTURAIS

Mulheres entre culturas: afeto e interculturalidade no contexto das migrações transnacionais

O fluxo migratório, a facilidade de comunicação e de locomoção contribuíram para o crescente aumento dos casamentos interculturais, e, consequentemente a formação de novas famílias. A interculturalidade propõe uma forma de construir um novo tecido social e afetivo, respeitando as diversas formas de conceber o mundo entre religião, raça, gênero, geração e nacionalidade. Os casais interculturais simbolizam a união entre o desterritorializado e o territorializado. Partimos do princípio que existe uma integração maior em diferentes níveis. Como mulheres casadas, em contextos transnacionais, negociam valores, visões de mundo, projetos? Definimos que o objetivo deste trabalho é discutir as perspectivas dos registros simbólicos, negociações e apropriações de mulheres de diferentes nacionalidades, dentro de um relacionamento afetivo intercultural. O objeto de estudo são mulheres (três brasileiras e três estrangeiras) casadas com parceiros heteronormativos de diferentes nacionalidades. O trabalho apresenta um referencial teórico-metodológico com base em análise documental e pesquisa qualitativa. O método usado é a entrevista da Sociologia Compreensiva de Jean-Claude Kaufmann (2013). As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise crítica de discurso (FAIRCLOUGH, 2001) e Maria Rocha-Coutinho (1994). Na concepção teórica para compreensão dos fenômenos interculturais envolvidos como tradições familiares, hábitos da culinária, práticas religiosas, entre outros, utilizamos os autores Néstor Canclini (2015), Clifford Geertz (1989) e Alfred Schutz (2010). A consciência em relação aos aspectos interculturais permite uma aproximação necessária para identificar traços subjetivos que interferem no processo de adaptação e integração ao novo espaço social e simbólico.

Catarina Gonçalves

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