O Brasil foi por décadas um dos principais destinos de imigrantes de todo o mundo, que saiam do seu país natal em busca de emprego e uma vida mais digna. Nos anos de 1960 perdemos o lugar no podium e assumimos como um dos países que mais envia seus cidadãos para outros países a fim de outra realidade. Entre 2003 e 2007 cerca de 93 mil brasileiros migraram a cada ano para a Europa.

Segundo estudo realizado pela Organização Internacional das Migrações (OIM) no período de 2008 e 2009, pela primeira vez em 50 anos o Brasil figura como principal país de procura dos europeus imigrantes. Houve aumento no número de estrangeiros vivendo no Brasil, atraídos pelo crescimento econômico do país.

O perfil desses novos imigrantes é bastante diferente do que se conhecia tradicionalmente no fluxo de trabalhadores, grande parte dos cem mil europeus eram portugueses e espanhóis, solteiros e com nível universitário completo. Segundo o estudo: “destaca-se em especial o caso de imigração ao Brasil de especialistas em engenharia civil e arquitetura, setores onde existe forte demanda devido aos preparativos para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos”. Além de portugueses, a agência de recrutamento Monster Brasil estima que 56 mil franceses, 33 mil italianos e 32 mil espanhóis estejam buscando trabalho no país.

Tal cenário é causado pela pior crise vivida pela Europa desde a II Guerra Mundial, o PIB mundial registrou queda de 0,8% países ricos registraram quedas mais expressivas, por exemplo: países na zona do euro registraram recuo de 4,1% enquanto países emergentes registraram aumento, a China de 8,7% e o Brasil uma queda de 0,2%. O Brasil mudou sua política externa, as relações Sul-Sul foram intensificadas e nos tornamos menos dependentes dos países ricos, o que justifica a estabilidade perante a crise econômica mundial, atraindo assim aqueles que vivem nos países em recessão.

Com a chegada dos estrangeiros, o número de europeus no Brasil se aproxima do número de brasileiros na Europa, 443 mil. Isso porque outra marca do momento é a queda brutal da ida de brasileiros e latino-americanos para Europa. Em 2006, antes da crise, 400 mil latino-americanos desembarcaram nos países europeus. Em 2009, esse número caiu pela metade. Entre 2003 e 2007, cerca de 93 mil brasileiros migraram anualmente para a Europa. A partir de 2008, esse número caiu 30% , o número de brasileiros vivendo irregularmente na Europa caiu de 32 mil em 2008 para 14 mil em 2010.

Depois de ter uma década com crescimento de 9% na chegada dos imigrantes, a Europa apresentou queda de 34% em 2009. Atualmente 13 países europeus tem uma saída maior de seus nacionais que a entrada de estrangeiros, em 2010 imigrantes europeus trabalhando na América Latina enviaram quase US$ 4,5 bilhões a seus países de origem, até pouco tempo uma prática comum a latino- americanos “trabalhar, economizar, e mandar dinheiro para a família”. A principal origem desse dinheiro foi o Brasil, em 2010 quase US$1 bilhão voltou para a Europa, 2/3 desse dinheiro foram enviados para Portugal e Espanha. No mesmo período os brasileiros que viviam na Europa enviaram US$1,3 bilhões ao Brasil.

A crise internacional atingiu principalmente países da zona do euro, aumentou a procura de europeus por empregos na América Latina e Caribe, os dados pertencem ao mais amplo estudo já realizado sobre fluxo migratório europeu na América Latina desde a eclosão da crise em 2008.

Ruana Corrêa