1 mês de monitoramento nas redes sociais mapeou quase 59 mil menções sobre a entrada de venezuelanos no Brasil pela fronteira de Roraima. Entidade também levantou o perfil desse novo público.

A Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da FGV realizou uma pesquisa monitorando as menções sobre a imigração venezuelana e encontrou nos períodos de 22/01 a 19/02 um aumento considerável de debates em períodos-chaves, como o Carnaval e a ida do presidente Michel Temer a Roraima, estado que tem sido a porta de entrada dos vizinhos sul-americanos.

Só na terça-feira de Carnaval 7.611 menções foram feitas, maior número do período. A análise sugere que a abordagem política que as escolas de samba Beija-Flor e Paraíso do Tuiuti (campeã e vice-campeã, respectivamente), trazendo uma narrativa crítica sobre a situação do país, repercutiu no universo digital. Já a chegada de Temer a Roraima, que veio discutir o caso com as autoridades locais, recebeu críticas pelo discurso anti-imigração e contra as políticas do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Sob um contexto mais à direita do debate político, o estudo identificou clusters que influenciaram o debate digital.

foto FGV

Como era esperado no estudo, Roraima foi o estado que teve mais postagens proporcionais, mas foi São Paulo que repercutiu os debates na rede, com 28% das publicações, seguido pelo Rio de Janeiro, com 17%.

O estudo concluiu que personalidades públicas também foram criticadas com veemência. Além dos presidentes Temer e Maduro, Aloysio Nunes, atual ministro das Relações Exteriores, e Lula foram alvo de questionamentos acerca de uma suposta tolerância ao governo venezuelano. Além da crítica nomeada, o estudo notou um silenciamento de possíveis apoiadores de Maduro (supõe-se na pesquisa que seja a esquerda política brasileira) sobre a situação e foi lembrado nas redes sociais como um silenciamento oportuno.

Quem é o venezuelano que chega?

O venezuelano que chega traz consigo uma experiência que pode ser aproveitada. Com 32% de indivíduos com ensino superior completo e 78% com o ensino médio realizado, o perfil dps imigrantes não indígenas supera a escolaridade dos moradores locais. Com esse potencial, seria fundamental uma agilidade maior do governo na revalidação dos diplomas e uma sinergia entre o Ministério da Justiça, do Trabalho e da Educação, além de um acompanhamento Itamaraty acerca das regularizações.

Cabe ressaltar que a Polícia Federal estima que 5 mil venezuelanos estejam registrados hoje no Brasil, mas dados do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) revelam que só em 2017 houve 17.865 solicitações de refúgio dessa nacionalidade.

Acesse mais detalhes do estudo da FGV nos links: Estudo sobre as redes; Estudo sobre o perfil.