Dificuldades administrativas e falta de políticas públicas põem os imigrantes são entre os segmentos mais vulneráveis ao trabalho escravo.
Mais de 155 mil brasileiros ainda trabalham em condições de trabalho escravo. A estimativa é da organização de Direitos Humanos Walk Free Foundation, que elaborou um ranking dos países com o maior número de pessoas escravizadas. O Brasil ficou em 143º lugar entre 167 países analisados.
Segundo a ONG, em 2013, o setor com o maior número de trabalhadores em situação de escravidão no Brasil foi o da construção civil. O trabalho forçado também foi predominante na agricultura, onde principalmente os homens estão presos na servidão por conta de dívidas.
Outras atividades que, segundo a ONG, usam trabalho escravo são: pecuária e frigoríficos, produção de castanha do Pará, extração de minerais como ouro, cobre e estanho, e confecção de vestuário.
Imigrantes
O relatório aponta como uma das causas da escravidão as oportunidades limitadas e as dificuldades financeiras de trabalhadores migrantes não qualificados – o que acabaria os levando a procurar e aceitar emprego em indústrias de alto risco.
Os imigrantes, especialmente os vindos de vizinhos sul-americanos, também são mais vulneráveis. A indústria têxtil, por exemplo, é conhecida por ter um elevado número de peruanos e bolivianos trabalhando em condições análogas à escravidão.
Segundo o relatório, mais da metade dos 100 mil bolivianos que hoje vivem no Brasil entraram de forma ilegal no país – fato que os tornaria mais vulneráveis a ameaças de deportação caso não aceitem situações precárias de trabalho ou mesmo uma coservidão por dívida.
A boa notícia é que o Brasil tem feito progressos no combate à escravidão, principalmente através de políticas de transparência na cadeia de produção. A ONG destaca que até o ano passado, 380 empresas já teriam assinado o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. Juntas, elas representam 30% do PIB do país.
Para chegar aos resultados, a Walk Free Foundation levou em conta um levantamento feito pela empresa de pesquisas Gallup em sete países – entre eles, o Brasil -, além de outros estudos e fontes secundárias, como dados governamentais e reportagens.
Beatriz Souza
(editado)
(Exame – 17/11/2014)