O Feirão de Emprego  deve acontecer todo mês. Mas atendimento especializado aos imigrantes funciona normalmente o tempo todo. 

São Paulo (SP) promoveu nesta quarta-feira (24/06) o primeiro feirão de emprego para imigrantes estrangeiros no Centro de Integração e Cidadania. Os participantes receberam orientações sobre direitos do trabalhador, processo seletivo e currículo. A ideia é que o feirão ocorra uma vez por mês.

A maior parte das vagas são para auxiliar de limpeza e cozinha, que não exigem experiência. Imigrantes têm o direito de buscar trabalho no Brasil, desde que consigam na Polícia Federal o registro nacional de estrangeiro. Ou, no caso de refugiados, o protocolo provisório que vale como identidade por ano – prazo que pode ser prorrogável. A partir daí, é possível tirar CPF e a carteira de trabalho.

Durante todo o dia, foram ministradas palestras sobre comportartamento nas entrevistas, elaboração de currículo e direitos do trabalhador. Também foram oferecidas vagas no programa Jovem Aprendiz, direcionado a candidatos entre 18 e 24 anos, com ensino médio concluído ou em curso.

O posto de atendimento, que funciona dentro do Centro de Integração de Cidadania do Imigrante, já fornece normalmente atendimento especializado aos estrangeiros. “Aqui nós damos um tratamento diferenciado, tirando dúvidas sobre como devem se apresentar na empresa e currículos. Tudo aquilo que a empresa espera, no momento da entrevista, e eles não têm informação, nós procuramos passar antes”, detalha a supervisora do posto, Thaís Alcantara de Lima.

A maior dificuldade dos estrangeiros é, segundo Thaís, que muitos não dominam o português. “Já atendemos pessoas que falam só o dialeto do país. A gente dá um jeito de tentar orientá-los”, conta. Para contornar esse problema, o projeto Sí, Yo Puedo oferece cursos gratuitos de português no centro. Ela lembra que a situação econômica tem restringido as oportunidades.

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo passou de 12,4%, em abril, para 12,9%, em maio, segundo a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Em maio do ano passado, a taxa ficou em 11,4%.

Há um ano no país, o haitiano Auro Rodrigues já fala o básico de português. “Eu vim para cá para ajudar a minha família”, conta o professor de matemática que atualmente mora com amigos na zona leste da capital paulista. Apesar de ter a expectativa de que a mulher também consiga vir para cá, ele espera um dia poder retornar ao Haiti. “Se Deus quiser, eu volto para o meu país. Eu tenho muita saudade da minha família”, comenta.

O nigeriano Ugwunsu Chuqwu fala até o inglês com dificuldade. O jovem de 27 anos relata que perdeu toda a família em um ataque de um grupo terrorista. “Eu tive problemas na Nigéria. O Boko Haram matou minha família, meu pai e minha mãe. Como eu amo minha vida, eu vim para cá. Eu quero começar uma nova vida. Eu não tenho mais ninguém”, conta. O rapaz, que já trabalhou em diversas áreas, busca vagas como motorista ou no setor de limpeza. “Eu quero aprender português e me estabelecer aqui”, enfatiza.

Os conflitos armados também fizeram com que o contador Mohamed Abdul Hamid deixasse a Síria. O primeiro destino dele foi o Egito. Porém, como o país também enfrentava turbulências, teve de buscar outro lugar para ir. “Eu visitei a embaixada do Brasil e me disseram que seria um prazer nos receber, que tinham as portas abertas para todos os refugiados do mundo”, diz o rapaz que trabalha fazendo comida árabe.

(Redação + Agências)