Mais de 30 mil refugiados já entraram no Brasil desde 2011.
Países em conflito e lugares de risco levam povos de vários lugares a buscarem abrigo, como acontece hoje na Europa. O Brasil tem um acordo internacional com as Nações Unidas de defesa dos direitos humanos e se colocou à disposição para receber refugiados e imigrantes. Desde 2011, mais de 30 mil refugiados já entraram no país e buscam um lugar onde possam viver em paz.
Uma das refugiadas é uma mulher que tem medo de mostrar o rosto e se identificar. Abandonada pelo marido, ela fugiu dos violentos conflitos em Angola com os dois filhos menores. O filho de 11 anos e o pai dela, idoso e doente, ficaram na África. A saudade dói demais e o esforço para trazê-los para o Brasil será imenso. “O trabalho que aparecer eu faço, para ajudar os meus filhos e o meu pai. Tá muito difícil”, relata.
É com o coração partido que a maioria dos refugiados encara barreiras que não são poucas. Eles começam com o documento provisório, fornecido pela Polícia Federal, e que faz muita gente torcer o nariz. Com documentos provisórios e precários e, muitas vezes, sem outros deles, como certificados, certidões e diplomas, a vida dos refugiados fica ainda mais difícil.
Segundo a assistente social de uma das poucas casas que recebe refugiados em São Paulo, Mirella Gaiga, coisas básicas como alugar casa, abrir conta em banco e fazer matrícula na escola ficam bem complicadas por falta de conhecimento e boa vontade.
Pior que a confusão é a exploração. “A gente teve um caso de uma moça que foi trabalhar em casa de família e acabou se submetendo a um trabalho análogo de escravo, trabalhando horas excessivas por dia e sem folga semanal”, relata Mirella.
Desde o início dos tempos, países enfrentam ondas de violência, de crise, vivem desastres e guerras. Receber quem foge para salvar a própria vida é um dever, segundo a professora de relações internacionais, Rita do Val: “Nossa sociedade é uma sociedade constituída por imigrantes. Quem no Brasil pertence a uma etnia e a uma raça? Ninguém. Uma sociedade como essa tem o dever moral, ético e legal de receber imigrantes e refugiados”.
Acolher quem chega também é tarefa de uma imigrante do Congo. Miracle é uma refugiada que trabalha na casa de passagem Terra Nova, aberta há um ano pelo governo do estado. Há alguns meses, metade da família dela estava perdida na África. O reencontro no Brasil aconteceu graças ao acaso e a atenção dos funcionários de uma ONG de acolhida.
Graziela Azevedo
(G1 – 16/09/2015)