Paraná é uma síntese das migrações para o Brasil. Multicultural, pluri-étnico e poliglota, o estado é a demonstração viva de que imigração é sinônimo de prosperidade.

Haitianos e sírios estão no centro do atual fluxo migratório para o Brasil. O País já experimentou movimentos semelhantes no passado – como o fenômeno ocorrido a partir de 1840 com os espanhóis e décadas depois, até por volta de 1900, com a imigração de italianos, poloneses e ucranianos. O boom da entrada de pessoas procedentes do Haiti e do Oriente Médio – especialmente da Síria – no País ocorreu a partir de 2013.

Em Curitiba, esse grupo veio se somar a uma comunidade diversificada de imigrantes. Não existe uma estatística fechada a esse respeito, uma vez que cada órgão tem números sobre determinados segmentos.

De acordo com a PF, as nacionalidades mais presentes entre os que requisitaram vistos de entrada em Curitiba são, pela ordem, argentinos, portugueses, haitianos, japoneses, alemães, italianos e chilenos.

De acordo com estimativas da Casa Latino Americana (Casla), organização civil que atua com migrantes e refugiados na capital, Curitiba abriga entre 15 e 19 mil imigrantes e refugiados e o Paraná 60 mil, em média. A Casla estima ainda que apenas na capital há cerca de 4 mil haitianos, mas que em decorrência da guerra, o número de sírios já ultrapassaria o de haitianos; porém, ainda não possui estatísticas desse grupo.

O mundo aqui

Entre 1870 e 1879, chegaram ao Brasil 193.931 imigrantes. Mas entre 1890 e 1899 o número de estrangeiros subiu para 1.205. O Estado de São Paulo foi o ponto de partida para essa reviravolta na economia e início da industrialização do país. A população de 1 milhão de habitantes passou a 4 milhões em apenas três décadas – de 1880 a 1914. E as grandes cidades viraram a torre de Babel, com gente falando japonês, dialetos italianos, alemão, húngaro, formando 22% da população oriundos de mais de 50 países. A Itália dominou o cenário com quase 1 milhão de pessoas, seguida de Portugal (425 mil), Espanha (390 mil) e Japão (186 mil). Sangue novo, vida nova nos Volpi, Brecheret, Portinari, Di Cavalcanti, e tantos outros. Notáveis ou simples trabalhadores do campo.

Kasato Maru

Foi no dia 18 de junho de 1908 que chegou ao porto de Santo o navio Kasato Maru, construído pelo estaleiro inglês Wighan e Richardson Co., na Inglaterra, trazendo 785 imigrantes japoneses que inciaram viagem no porto de Kobe . Comprado pela Rússia em 1889, o navio foi chamado de Kazan, cidade a oeste de Moscou, para transporte de soldados e equipamentos médicos.

Foi em 1904, com a guerra entre os impérios do Japão e da Rússia, que a embarcação foi conquistada pelos nipônicos e rebatizada como Kasato Maru. Levou imigrantes para o México e Peru em 1906, antes de trazer os primeiros imigrantes para o Brasil. Mais tarde foi transformado em cargueiro, até integrar a esquadra japonesa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Sua longa história termina em 9 de agosto de 1945, abatido pelos russos quando transportava latas de atum e caranguejos no Mar de Bering.

A cidade de Santos teve que se adequar para receber aos imigrantes. O Estrela de Ouro Futebol Clube, também chamado de Casarão, construído em 1921 com apoio do governo japonês, foi a base do atendimento aos imigrantes, com escola para a comunidade nipônica. Serviu também como sede da Sociedade Japonesa de Santos. Era uma verdadeira sede social, além de funcionar como escola para os jovens, com professores vindos do Japão. Em 1942 o prédio foi confiscado pelo governo federal, junto a outros patrimônios japoneses, italianos e alemães. Funcionou como Ministério da Guerra, onde era feito o alistamento militar.

O imigrante japonês ficou sem espaço, nem condições de se reestruturar cultural e socialmente. Entidades esportivas procuraram criar vida social à coletividade Nikkei em Santos e, após 64 anos em posse do governo federal, em 2006 a Sociedade Japonesa conseguiu a concessão do uso do Casarão, reinaugurado em 18 de junho de 2008, depois de reformado, e reaberto ao público nas comemorações do centenário da imigração.

Herança finlandesa

Foi Toivo Vuskallio, líder idealista, que encabeçou o grupo de 300 finlandeses que desembarcaram em Penedo em 1929. Toivo era adepto da filosofia baseada em contato com a natureza, vida simples e saudável, alimentação estritamente vegetariana. Em 1982 foi criado o Museu Finlandês, com acervo de tapeçarias, velas, cerâmicas, enfeites natalinos, bordados e pinturas em tecido com desenhos típicos da Finlândia e, principalmente, a tapeçaria ryijy, tradição centenária do país.

Em quase todas as casas e pousadas de Penedo é possível seguir o hábito de tomar sauna, em ambiente com temperatura superior a 70º C, para depois cair no rio de água gelada ou ficar debaixo do chuveiro frio. Para os finlandeses, a sauna é mais do que um simples banho e relax. Tem função social, reunindo amigos e parentes pelo menos uma vez por semana, para colocar assuntos em dia e até fechar negócios. Na Finlândia, grandes pavilhões são construídos perto dos lagos e rios e para criar o vapor, os finlandeses usam forno de lenho ou eletricidade, colocando pedras quentes sobre o forno e jogando água com essência de pinho para provocar a evaporação, no Brasil. No país de origem os banhistas batem no corpo com galhos de bétula, árvore típica das regiões árticas, para ativar a circulação sanguínea.

Penedo é conhecida como Pequena Finlândia e é a única colônia finlandesa no Brasil. Com direito até a minicidade finlandesa e fábrica de brinquedos de Papai Noel, praça com anfiteatro para shows, sauna típica e agência de correios para as crianças que escrevem ao bom velhinho. De acordo com a lenda, Papai Noel mora na Lapônia, na montanha Korvatunturi (montanha com orelhas), por causa do formato dos picos, que parecem orelhas de cachorro. São as “orelhas”que ouvem e observam o comportamento das crianças durante o ano todo, o que tem importância na hora dos presentes natalinos.

Penedo hoje é um excelente destino turístico, com pousadas típicas, lojinhas de artesanato que lembra a terra mãe, em madeira, cerâmica, ferro trabalhado, tapeçaria e velas. Geléias, conservas, chutneys entram na lista de todo visitante, que primeiro experimentou as trutas, os fondues, raclettes, bombons e doces. A hospedagem vai da mais luxuosa, junto de cascatas, até as mais simples. Mas todas cheias de ambiente agradável, com lareira no inverno e até piscinas no verão. O clima é de montanha, o que podem ser uma benção divina para quem sai do Rio de Janeiro ou São Paulo. Penedo fica a 171 quilômetros do Rio, seguindo a Via Dutra para entrar no quilômetro 311.

Confederados

Em 1867, mais de 3000 pessoas imigraram para o Brasil, como decorrência da Guerra de Secessão norte- americana entre 1861 e 1865. Os sulistas se radicaram nas cidades de Santa Barbara do Oeste e Americana (150 km e 133 km a noroeste de São Paulo, na região de Campinas). Não são poucos os descendentes que deixaram parentes em Troy, no Alabama, ou Oglethtorp, na Georgia. No cemitério do Campo, na zona rural de Santa Bárbara do Oeste, há mais de 400 sepulturas de norte americanos e seus descendentes nascidos no Brasil . Entre os quais 20 soldados confederados. Em 1988 a cidade ganhou o Museu da Imigração, com acervo sobre a história local, história dos norte-americanos e exposições temporárias. Com fotos, utensílios domésticos, instrumentos musicais, mobiliário, roupas, documentos.

A guerra acabou em 1865 com a vitória do norte e a abolição da escravatura (o sul tinha 4 milhões de escravos), economia em ruínas nos dois lados e saldo de 618 mil mortos em batalha e por causa de epidemias. Os sulistas emigraram para a Inglaterra, México e Brasil.

Paraná italiano

Foi por volta de 1860 que a imigração italiana chegou ao Paraná. E o turismo rural passa pela história dos pioneiros. Chefiados pelo padre Ângelo Cavalli, desembarcaram em Paranaguá, passaram um período em Morretes e subiram a Serra do Mar, para fundar a Colônia Alfredo Chaves, no lado norte de Curitiba. Os italianos cultivam até hoje a música, a religiosidade, os jogos, mantendo a arquitetura e instrumentos agrícolas para lembrar o estilo de vida dos antepassados. Em 1890 a colônia já era próspera e passou a vila, recebendo então o nome de Colombo. As famílias que originaram o município continuam no meio rural. Cultivando a terra e fazendo de Colombo um dos principais produtores de hortaliças do Paraná. Além de produzir alimentos de superfície, Colombo tem minérios – cal e calcário – utilizados na construção civil e também para a correção agrícola dos solos. E, mais importante, tem o imenso aquífero para abastecimento de Curitiba e do próprio município.

 

Coreanos em São Paulo

Em 1998 a colônia coreana em São Paulo já atingia 80 mil pessoas. Sem o peso e a dimensão dos grupos de origem italiana, japonesa ou alemã, os coreanos passaram a chamar a atenção por outros motivos. Um deles foi a espantosa penetração desses imigrantes em ramos comerciais antes dominados pelos judeus e árabes. A confecção passou rapidamente para as mãos coreanas através de pequenas empresas de estrutura familiar e em pouco tempo uma em cada três roupas vendidas no Brasil eram confeccionadas e vendidas por coreanos. Nas vitrines do Bom Retiro, bairro paulista centro de produção e venda da colônia, as roupas coreanas passaram a ser compradas pela metade do preço cobrado nas lojas de shopping centers. Os imigrantes escolheram um ramo onde a mão de obra barata faz a diferença e o domínio da língua não é necessário.

A motivação para os asiáticos saírem de um país de renda per capita e índices sociais superiores aos do Brasil é simples: a partir da década de 60 os motivos da grande jornada rumo ao desconhecido começavam na crise econômica da Ásia e o fato da Coréia ter saído de uma guerra – a II Guerra Mundial – que dividiu o país em lado sul, capitalista, e norte, comunista.

Uma guerra civil nos anos 50 desestruturou a economia nacional e fez com que dois terços da população ficassem concentrados no sul e a maior parte das indústrias no norte. Mais de 5 milhões de coreanos deixaram o país natal. Um milhão foi para os Estados Unidos e o Brasil ficou sendo o sexto país que mais recebeu imigrantes coreanos, atrás da China, Japão, Rússia e Canadá.

No Brasil os pioneiros tentaram primeiro a agricultura, já que era a condição básica imposta pelo governo para a concessão de vistos. Mas eles seguiram os passos dos italianos e japoneses e rapidamente abandonaram a enxada para aventuras empresarias nas cidades. São Paulo foi o Eldorado no início dos anos 70. Muitas vezes estiveram ligados à exploração de mão de obra ilegal dos próprios patrícios ou de bolivianos, nas oficinas de costura improvisadas.

Nos anos 70, 70% dos coreanos morando no Brasil eram irregulares. Nos bairros onde vivem os coreanos só pequenos detalhes marcam presença: um restaurante com comida típica apimentada, por exemplo. O português falado é quase irreconhecível. Eles casam entre si e montam seus negócios em família, o homem à frente das finanças, a mulher escolhendo os artigos a serem vendidos.

Importante é saber que na Coréia do Sul há um cuidado especial com a educação. Se na década de 50 apenas uma em cada sete pessoas era alfabetizada, hoje praticamente todos os jovens fazem ensino médio. Em São Paulo os pais coreanos se preocupam em colocar os filhos nas melhores escolas, mesmo sabendo que as mensalidades são caras. E os que tentam o vestibular, passam à frente nas melhores faculdades. Nas poucas horas de lazer, acompanham a programação da televisão de Seul, procuram campos de golfe e gostam de karaokês. E vestem a mulher brasileira com 40% de desconto.

História esquecida

Mosteiro de São Bento, Colégio Visconde de Porto Seguro (fundado como Deutsche Schule), Instituto Goethe, Hospital Santa Catarina, Esporte Clube Pinheiros (nasceu do Sport Club Germânia), Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Colégio Humboldt.

Não são poucas as marcas que os imigrantes alemães deixaram em São Paulo. Ao contrário do que acontece no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a história germânica paulista ficou esquecida. Alguns anos depois do fluxo migratório de alemães que se estabeleceram nos Estados do Sul, a primeira leva que chegou a São Paulo desembarcou em Santos, em 13 de dezembro de 1827. Eram 226 homens, mulheres, crianças, artesãos e agricultores procurando condições econômicas melhores.

Os pioneiros ficaram alojados em um hospital militar na Chácara Bento André, região de Santo Amaro. Em junho de 1829 grande parte do grupo aceitou explorar as terras oferecidas pelo Império onde hoje fica o distrito de Santo Amaro. As casas eram de taipa de pilão, quando foi fundado o bairro da Colônia, no extremo sul do município. Até o fim de 1829 eram 149 famílias e 72 solteiros, num total de 926 imigrantes alemães no Estados de São Paulo, sendo que 336 se estabeleceram em Colônia, e o restante rumou para o interior.

História sempre lembrada

Em 25 de julho de 1824 desembarcaram, às margens do rio dos Sinos, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, os 39 primeiros imigrantes alemães. Cinco anos depois eles chegavam em Santa Catarina para cormar a colônia São Pedro de Alcântara, dando início a um dos mais bem sucedidos processos de imigração no Brasil. A maioria era oriunda do Norte da Alemanha.

Foram responsáveis pelas mudanças na cultura brasileira, atuando no desenvolvimento econômico e cultural, influenciando nos hábitos alimentares, introduzindo o pão preto e os embutidos na mesa de todos. Também fizeram valer o uso dos sapatos. E forçaram a criação da classe média brasileira. Embora declarados camponeses, eram na verdade tipógrafos, alfaiates, fotógrafos e artesãos. Aos poucos foram se instalando nos centros urbanos em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo.

No início da imigração, a população luso-afro-brasileira era composta de 95% de analfabetos. Os imigrantes, por outro lado, eram 80% alfabetizados. Em solo brasileiros, construíram igrejas, escolas, hospitais e associações recreativas e implantaram em São Pedro de Alcântara um modelo de colonização com ideais social-democratas, antes mesmo desles ganharem forma na Alemanha. Muitos dos imigrantes estavam fugindo da repressão aos movimentos liberais e acharam aqui a possibilidade de coloca-los em prática.

A colônia Dona Francisca – hoje Joinville – é exemplo de administração independente, adotando um conselho comunal e fazendo redistribuição da riqueza através do pagamento de impostos. Quem tinha mais, pagava mais. Embora sempre se afirme que os alemães chegaram primeiro em São Pedro de Alcântara, há historiadores que afirmam que os imigrantes chegaram primeiro no Planalto Norte do Estado, com a primeira colônia germânica instalada em Mafra, na região do Contestado, em 6 de fevereiro de 1829, 24 dias antes da chegada dos alemães em São Pedro de Alcântara.

A colonização alemã do Vale do Itajaí se deve a dois fatores: a estrutura praticamente feudal da terra na Alemanha do século 19 e a necessidade de garantir as fronteiras do Brasil, ocupando terras inexploradas nas proximidades dos limites territoriais brasileiros. Enquanto na Alemanha era muito difícil ter um pedaço de chão, a Argentina sempre esteve “logo ali”e poderia, eventualmente, avançar sobre nossos domínios.

Pomerode

Os imigrantes vindos da Pomerânia, região da Alemanha que tem alguma similaridade topográfica com o local escolhido no Brasil, trouxeram na bagagem o platt pommersche, um dialeto pouco propagado na Alemanha, mais muito utilizado pelos habitantes mais antigos de Pomerode. E é o idioma que garante à cidade o título de mais alemã do Brasil. Praticamente 90% da população fala alemão. Nas casas permanece a arquitetura típica, nos restaurantes a gastronomia destaca os embutidos, a batata cozida, o chucrute. E faz fama na culinária local o marreco ou pato assado, com purê de maçã e repolho cozido. Tudo regado à cerveja, claro. As festas típicas fazem o calendário anual movimentado, o que é um atrativo a mais para o turista.

Açores

Santa Catarina teve ocupação de açorianos, alemães, austríacos, italianos, portugueses, poloneses. A mistura de nacionalidades começou no princípio do século XVI, quando os europeus procuravam uma passagem do Atlântico para o Pacífico e chegaram ao litoral Sul do Brasil. Em 1515 a expedição espanhola comandada por Juan Díaz Sólis chegou ao Rio da Prata. O navegador foi morto pelos indígenas e os sobreviventes, na tentativa de fuga, acabaram naufragando próximo à Ilha de Santa Catarina. Os onze exploradores que se salvaram acabaram como os primeiros europeus a habitar as terras onde hoje está o Estado de Santa Catarina.

Para facilitar o abastecimento das tropas, Portugal decidiu incentivar a imigração para o litoral sul do Brasil. Cerca de 4.500 habitantes do arquipélago dos Açores foram transferidos para o Brasil, iniciando a tradição portuguesa de Santa Catarina, criando gado, pescando baleia, fazendo renda de bilro e trabalhando o barro em cerâmicas artesanais, tradições mantidas até hoje. Menos a pesca da baleia, é claro. As influências açorianas continuam na arquitetura, na religiosidades, nas festas, na culinária de frutos do mar e até na maneira cantada de falar, como em Florianópolis. Os açorianos espalharam seus usos e costumes por 26 municípios do litoral catarinense e do interior.

Blumenau

Foi em 2 de setembro de 1750 que chegaram ao Vale do Itajaí os primeiros 17 imigrantes alemães liderados pelo químico-farmacêutico Hermann Bruno Otto Blumenau, de 31 anos. A área a ser ocupada era de duas léguas, doada pelo governo provincial para a criação de uma colônia agrícola com imigrantes europeus, dentro da política de colonização imperial da segunda metade do século XIX.

Nos anos seguintes, veleiros europeus de companhias particulares, atravessaram o Atlântico, com agricultores e cultivadores a bordo. Na primeira década, até 1860, a colônia manteve-se propriedade particular. Com dificuldades financeiras, Otto Blumenau passou o empreendimento ao governo imperial, mas continuou na direção da colônia até que ela fosse elevada à categoria de município, em 1880, já com 15 mil habitantes. Toda a região é repositório de costumes e tradições da terra mãe, a Alemanha. Vila Itoupava, distante 25 quilômetros do centro de Blumenau, preserva tradições na arquitetura, culinária, folclore e no idioma—90% da população fala alemão ou dialetos. Oktoberfest em outubro é uma das grandes festas da cerveja do planeta e o ponto alto no calendário de eventos em Blumenau. São Pedro de Alcântara, Blumenau, Joinville, Pomerode, Jaraguá do Sul e Brusque foram os locais escolhidos pelos alemães em torno do vale do rio Itajaí, no norte do estado.

Austríacos e poloneses

Outros povos europeus aderiram ao programa brasileiro de incentivo à imigração, como os poloneses e austríacos que chegaram às terras catarinenses. Treze Tílias, no meio oeste do estado, cultiva as tradições austríacas e São Bento do Sul é o melhor exemplo da preservação da cultura polonesa no estado.

Ucranianos

Os primeiros imigrantes da Ucrânia chegaram ao Paraná em 1891. Prudentópolis é a cidade símbolo do povo e da cultura, onde todas as tradições culturais são mantidas até hoje. Foi o presidente Prudente de Morais ( daí o nome de Prudentópolis) que organizou, no final do século dezenove, a vinda de cinco mil famílias de agricultores para desbravar e colonizar a região central do Paraná. Hoje há mais de 400 mil imigrantes e descendentes de ucranianos no Brasil, dos quais 80% permanecem no Paraná. Depois de 1891 outras cinco mil famílias se reuniram aos pioneiros, mas os grupos maiores foram os de 1895 e 1914, provenientes da Galícia oriental, maior e também a mais pobre das províncias do antigo império austro-húngaro.

Os imigrantes desembarcaram nos portos de Santos e Paranaguá, muitos deles procurando Curitiba e arredores, para depois seguirem ao Sul do Estado. Na época Prudentópolis era São João do Capanema, um povoado abandonado e pobre. Foram os imigrantes que abriram clareiras na mata, plantaram linho para confeccionar suas próprias roupas, um costume ucraniano, plantaram centeio, trigo e milho, criaram abelhas para o mel e a cera. Trabalharam duro, transformaram a região em local aprazível, aproveitando ao máximo a natureza generosa.

As tradições milenares continuam lá: casas de madeira de telhado assimétrico, folclore, arte, religião, artesanato. A igreja de São Josapaht com suas cúpulas bizantinas, o museu dos imigrantes, as festas tradicionais, os pratos típicos (perohê, cracóvia, kubassát) fazem a atração para visitantes.Os bordados típicos em ponto de cruz e os ovos pintados, pêssanka, verdadeiras obras de arte, podem ser admirados e adquiridos junto do Museu do Imigrante.

Holandeses

Carambeí, distante 20 quilômetros de Ponta Grossa, foi colonizada por holandeses em 1913. Agropecuária é a força da região. As tradições trazidas da Holanda originaram a Casa da Memória, onde ficam expostas fotografias, publicações de época, pinturas, documentos de construções antigas, máquinas de trabalho doméstico e rural das décadas de 20 e 30. A Koffiehuis repete a tradição dos Cafés na Holanda, com doces e tortas cheias de cremes, frutas em conserva e natas.

(Bem Paraná – 05/11/2015)