Falta um ano para a capital francesa receber mais de 10,5 mil atletas olímpicos para competir em 32 esportes durante os Jogos Paris 2024. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou que a edição do próximo ano marcará o início de uma nova era dos Jogos, porque serão “mais inclusivos, mais jovens, mais urbanos e mais sustentáveis”. Há cem anos, Paris sediava a edição de 1924 dos Jogos, com a diferença de que não era uma audiência global de quase 1 bilhão de pessoas. O público era formado por cerca de 600 mil espectadores que circulavam pela cidade.
A edição de 2024 será a primeira da história com perfeita paridade de gênero entre atletas, o que está representado no logo desta edição, com a figura feminina. A partir do compromisso de minimizar a construção de novas instalações, os Jogos Paris 2024 serão realizados em 95% das instalações existentes ou temporárias. Foi estabelecida ainda a meta de redução de 50% das emissões de carbono em relação a Londres 2012 e Rio 2016, para serem os primeiros Jogos alinhados com o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. E pela primeira vez na história, a cerimônia de abertura será realizada no coração da cidade-sede. O Rio Sena será palco de competições e shows ao longo de todos os dias de competições. A chama olímpica, por exemplo, deverá ser instalada no pé da Torre Eiffel.
Ao mesmo tempo, velhas questões permanecem. Assim como nos Jogos de Tóquio 2020, o COI segue tendo que administrar a situação complexa entre Rússia e Ucrânia. Desta vez, o governo ucraniano adiantou que não pretende boicotar os Jogos com a presença de atletas russos, mas discute a possibilidade de os atletas ucranianos competirem sob uma bandeira neutra.
Para garantir a participação de pessoas deslocadas no mundo e promover a inclusão, o COI criou a Equipe Olímpica de Refugiados para os Jogos Rio 2016. Para Paris 2024, o COI já começou a conceder bolsas de estudo, por meio de seu programa Solidariedade Olímpica, dedicado a atletas refugiados. São 52 atletas de 12 países, que vivem em 19 países anfitriões, agraciados com a bolsa. Entre eles, está o congolês Popole Misenga, que treina judô no Instituto Reação, no Rio de Janeiro, e que participou das edições Rio 2016 e Tóquio 2020. Na última edição dos Jogos, foram selecionados 29 atletas refugiados para competir em Tóquio, dez a mais que nos Jogos Rio 2016.
Segundo Bach, os atletas da equipe de refugiados demonstram “para uma audiência global que todos fazemos parte da mesma humanidade. A sua participação nos Jogos Olímpicos é um sinal claro de que os refugiados são nossos semelhantes – que são um enriquecimento para a sociedade, assim como são um enriquecimento para a nossa comunidade olímpica. Por meio de seu trabalho, a Olympic Refuge Foundation conectará a equipe de refugiados nos Jogos Paris 2024 com comunidades deslocadas e, em particular, refugiados que vivem em Paris e arredores”. Nas redes sociais, é possível acompanhar o desempenho dos atletas pelo perfil @refugeeolympicteam.
Em “Os refugiados e os Jogos Olímpicos: a representação midiática da iniciativa de inclusão do COI nos Jogos de Tóquio 2020“, apresento uma reflexão sobre a iniciativa do COI de inclusão dos refugiados, a partir da representação midiática. Para tanto, analiso os cadernos especiais dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo durante os Jogos Tóquio 2020 para identificar de que forma “o outro” é representado, ou até mesmo esquecido.

