No mês em que se comemorou o Dia da Consciência Negra, no dia 28 de novembro de 2023, na última terça-feira, houve a reunião da Frente Negra Parlamentar de acompanhamento e solidariedade à população imigrante de Niterói. Ela foi realizada na Câmara Municipal de Niterói, no Plenário Brigído Tinoco, com o apoio da ilustre vereadora Benny Briolly do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que compôs a mesa com o ativista Senegalês Ousmane Mbaye e os vereadores Paulo Eduardo Gomes, do PSOL, e Anderson Pipico, do Partido dos trabalhadores (PT).

Participantes da reunião. Foto: Mairon Carvalho – Assessoria Benny Briolly

O Plenário Brigído Tinoco foi comtemplado com a presença de vários senegaleses que moram em Niterói. Eles foram ao evento para reivindicar seus direitos através da voz de Ousmane MBaye, que é designer de moda e conhece bem a realidade de ser imigrante negro, comerciante e empreendedor no Brasil. Estava representado o grupo de pesquisa Diaspotics da UFRJ, liderado pelo Professor Dr. Mohammed Elhajji, assim como pesquisadores e alunos de universidades como UFF e UERJ e também ativistas do PCdoB.

MESA – Paulo Cesar (Psol) , Pipito (PT) , Benny Psol , Osmane ( ativista ) – Foto: Mairon Carvalho – Assessoria Benny Briolly

Benny Briolly foi a primeira vereadora transexual a assumir um mandato na Câmara Municipal de Niterói, e é uma das mais importantes símbolos de luta LGBTQIPN+, dos trabalhadores, a favor da liberdade religiosa, dos direitos das mulheres, da inclusão da população negra e de toda população oprimida e periférica – se estendendo aos imigrantes negros que sofrem exclusão por, além de negros, serem também estrangeiros.

Benny Briolly e Osmane Mbaye. Foto: Mairon Carvalho – Assessoria Benny Briolly

A reinvindicação dos imigrantes senegaleses aponta que a maioria dos projetos de imigração não atende as suas demandas por falta de representatividade, ou seja, existe nas iniciativas a falta de atores políticos que conheçam profundamente a realidade daqueles que são negros e imigrantes no Brasil. Sem benefícios e sem uma política pública de inclusão, que auxilie o imigrante negro a aprender o português e a ter trabalho, com o intuito de ter estabilidade financeira para desfrutar de qualidade de vida e saúde, os imigrantes negros no Brasil buscam formas alternativas para ganhar a vida, através do trabalho informal. Eles atuam por exemplo como vendedores ambulantes nas praias e ficam sujeitos a uma dupla segregação, a discriminação racial e a xenofobia, denominada de xenoracismo.

Após a abertura da vereadora Benny Briolly e dos vereadores Paulo Eduardo Gomes, Anderson Pipico e do ativista Senegalês Ousmane MBaye, foi aberto para todos os participantes do evento a possibilidade de se manifestarem em defesa da causa apresentada. A advogada que apoia os senegaleses que habitam em Niterói se pronunciou sobre a perseguição que o imigrante negro sofre pela cor da pele. Uma representante do grupo de pesquisa Diaspotics/UFRJ mencionou o apoio da pesquisa voltada para a inclusão autossustentável de migrantes negros, mobilizando a sociedade civil, empresas locais e o poder público. Houve uma fala expressiva de um senegalês que expôs as dificuldades de ser negro e estrangeiro no Brasil, assim como o desejo de se sentir cidadão e pertencer à sociedade brasileira.

Participantes no Plenario Brigido Tinoco. Foto: Mairon Carvalho – Assessoria Benny Briolly

Ousmane relatou que o acesso à residência permanente no Brasil depende muito do entendimento e boa vontade da Polícia Federal; e que no atual governo de Lula tudo melhorou. Ressaltou ainda que os processos extremamente burocráticos no departamento de imigração não auxiliam na regularização do imigrante no Brasil. Além de lamentar que saberes dos povos africanos, indígenas e quilombolas não são valorizados.

Benny se posicionou afirmando que a Frente Parlamentar está à disposição para políticas públicas que também beneficiem o imigrante negro em Niterói. Em seguida, um participante que estava no plenário sugeriu o mapeamento de emendas a favor das causas dos imigrantes negros, e a vereadora Benny disse que mais necessário que criar expectativas sem sucesso é fazer algo que possa gerar resultado.

Patricia Dias, representante do grupo de pesquisa Diaspotics, e Benny Briolly, vereadora do Psol

Então um dos senegaleses presentes confirmou uma das falas de Ousmane, afirmando sobre a necessidade de uma sede física para a comunidade senegalesa de Niterói. Ele lembrou a grande dificuldade para se obter um espaço físico para a coletividade, uma vez que são inúmeros os empecilhos para locação devido ao racismo vivenciado cotidianamente.

Foi finalizado o evento com a sugestão da criação de um canal no WhatsApp para levantamento das necessidades da comunidade e denúncias das violências sofridas pelos imigrantes negros de Niterói. A vereadora Benny confirmou a existência do canal e direcionou então a plenária para os próximos passos. Ficaremos atentos.

Número do canal no Whatsapp: +55 21 96579-7572