Estrangeiros relatam suas impressões sobre a capital do Amapá.

Vindos de várias nacionalidades para o Amapá, a população de estrangeiros do estado se concentra na maior parte na capital Macapá, que completou 257 anos na quarta-feira passada (04/02). A cidade, que é cortada pela linha do equador, concentra uma população pequena de imigrantes em relação a outros estados do Norte e do país.

Por estar próximo ao platô das guianas é predominante a presença de franceses na capital, mas nascidos em outros países latinos como cubanos, argentinos, mexicanos e colombianos também fazem parte da população de Macapá. Espalhados nas Zonas Urbana e Rural, muitos deles viram no empreendedorismo uma forma de se manter na capital sem perder a tradição dos países de origem.

O G1 reuniu alguns desses “gringos” que relataram as impressões sobre a cidade, de clima muito quente e úmido, que também é banhada pelo rio Amazonas e está localizada no extremo Norte do Brasil.

Odalys Aguilar Torres e Pedro Luiz Ramos, cubanos

Vivendo no Amapá há cerca de um ano, o casal nascido em Havana veio para o estado através do programa “Mais Médicos”, do Governo Federal. Os dois trabalham em postos de saúde na periferia de Macapá e contam que o cenário da saúde na capital não é muito diferente de outros países latinos.

“Já fizemos missões em outros países e é quase a mesma coisa. O povo necessita muito de atendimento e sempre que pode vai ao posto de saúde, sempre gentil, com calma e a espera de uma resposta rápida”, brincou Pedro Luiz, de 49 anos.

Odalys, de 50 anos, conta que ficou encantada com a grandeza do rio Amazonas e dos pontos turísticos, mas revela que não é muito fã da culinária tradicional da terra. “O arroz e o feijão não são muito diferentes lá em Cuba, e quanto ao tacacá, a maniçoba não gostei muito. O sabor é muito forte provei algumas vezes mas não me agradou”, relata.

Denis Liangliois, francês, 43 anos

Morando há nove anos na capital, o francês é dono de um conhecido bar no Centro, que segundo ele se adequou ao longo dos anos a cultura e aos gostos do macapaense. “É um local que tem uma cultura muito forte. Aqui o povo é fanático por tudo, brinca com tudo e sempre dá um jeitinho para as coisas. Muito diferente da França, onde as coisas têm que ser certinhas”, ressalta o francês.

Para o futuro, Liangliois espera saúde e educação de qualidade para os dois filhos que nasceram e vivem em Macapá. “As crianças são o futuro do país e desejo o melhor para elas. Tudo no futuro tem que ser melhor do que é hoje”, acredita o imigrante.

As fortes chuvas, mesmo afastando a clientela do bar, são destacadas pelo francês como características únicas da cidade, além da culinária. “Gosto muito de tacacá, vatapá e mais ainda de maniçoba. Tem muitas coisas que são gostosas, como o açaí, que gosto muito, mas que fica um pouco pesado para mim”, contou.

José Molinos, argentino, 55 anos

“Macapá é uma terra de oportunidades”, esta foi a primeira frase dita pelo hermano, que é sócio em uma rede de pizzarias na capital. Ele lembra que viveu de 1996 a 2006 na cidade, e que retornou em 2014 somente para administrar o negócio juntamente com outro argentino.

“Apesar de ter 257 anos, Macapá é uma cidade relativamente jovem, com muitos caminhos para seguir em todos os ramos. Estamos em uma localização estratégica, mas complicada, pois o rio Amazonas separa o Amapá do Brasil, e enquanto para muitos isso é um impedimento para outros é oportunidade”, afirma Molinos.

Fã de açaí, o argentino confessa que não consome a fruta do jeito típico do macapaense usando farinha de tapioca, e sim com gelo e adoçante. “Gosto muito do açaí, é uma das coisas que me encantam por aqui, juntamente com a orla da cidade, os rios, os balneários e principalmente as pessoas”, disse o empresário.

John Pacheco

(G1 – 04/02/2015)