Estudantes estrangeiros são recebidos em várias universidades do país.
Para o estudantes estrangeiros, o início do ano letivo é sempre uma ocasião preciosa para comemorar uma nova etapa de vida e se preparar para a jornada brasileira. Porém, se os programas públicos de cooperação continuam a crescer e melhorar, os programas particulares não demonstram a mesma solidez.
UFPA recebe
O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) realizou, no mês passado, a cerimônia de recepção aos alunos estrangeiros que ingressarão na UFPA por meio do PEC-G. O programa foi desenvolvido pelo Ministério de Relações Exteriores e pelo Ministério da Educação (MEC). A recepção ocorreu no auditório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e contou com a presença de representantes da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), do PEC-G e da Associação dos Estudantes do PEC-G.
A assistente social da Proex, Jaqueline Ramos, participou da cerimônia para falar sobre os programas de auxílio voltados aos estudantes estrangeiros. Entre os programas citados, o Auxílio ao Estudante Estrangeiro é o mais procurado. Uma iniciativa da Diretoria de Assistência e Integração Estudantil (DAIE), o programa disponibiliza recurso financeiro aos estudantes estrangeiros regularmente matriculados em curso de graduação da UFPA.
Houve, ainda, a presença do representante da Associação dos Estudantes do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (AEPECG). O coordenador da Associação, Gael Mayombo, deu as boas-vindas aos alunos e finalizou falando sobre os principais objetivos da associação, como acolher os novos estudantes e promover eventos culturais.
Esteve presente, também, a professora do Instituto de Letras e Comunicação, da Faculdade de Letras – Francês, Miriam Cunha. A docente irá instruir e ministrar aulas de língua portuguesa, por seis meses, aos alunos de nações fora da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Ao final da cerimônia, a coordenadora do PEC-G, professora Julieta Jatahy, explicou sobre o decreto que rege o Programa, nº 7.948, de 12 de março de 2013. Respondeu, também, às perguntas frequentes dos novos alunos.
Programa de Estudantes Convênio de Graduação – O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento, com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. O PEC-G tem o objetivo de selecionar alunos estrangeiros com o ensino médio completo, que tenham entre 18 e 23 anos, para realizarem estudos de graduação no Brasil. Desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação, o programa conta com a parceria das universidades públicas – federais e estaduais – e particulares do País. No ano de 2015, cerca de 25 estudantes irão ingressar na Universidade. A maioria dos estudantes veio da América Latina e da África.
UNILAB acolhe
Os novos estudantes estrangeiros que chegaram para estudar na Unilab tiveram a oportunidade de vivenciar o primeiro dia numa universidade que tem como características diferenciadas a interiorização e internacionalização do Ensino Superior no Brasil, uma vez que congrega alunos das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de outras cidades do Brasil.
Para dar boas-vindas aos calouros e, ao mesmo tempo, apresentar o funcionamento da estrutura acadêmica, foi organizado o Seminário de Ambientação Acadêmica (Samba).
A avaliação positiva do Ministério da Educação (MEC) para os cursos de bacharelado e licenciatura da Unilab e a expansão da estrutura acadêmica foram alguns dos pontos destacados pelos pró-reitores presentes à cerimônia de abertura do Samba.
Em seguida, os tutores do Programa de Acolhimento e Integração de Estudantes Estrangeiros (Paie) deram boas-vindas aos colegas. “A vossa presença é muito importante para nós. Estamos felizes por tê-los conosco como colegas. Juntos estaremos construindo um novo futuro”, ressaltou a tutora e estudante de Letras Marlene José, timorense, acrescentando: “Desejamos que o trimestre letivo seja muito produtivo e, nessa caminhada em busca de conhecimento e saber, podem contar com a nossa colaboração”.
UNILA comemora
Os alunos estrangeiros selecionados para ingresso na UNILA, no primeiro semestre de 2015, já fizeram suas matrículas. A UNILA convocou 352 candidatos de 12 países – Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Haiti, Paraguai, Peru, México, Uruguai e Venezuela.
O haitiano Sanel Charlotin, 28 anos, que está no Brasil há nove meses e trabalhava em uma fábrica de alimentos, em Treze Tílias (SC) soube das vagas reservadas para imigrantes haitianos na UNILA por meio de uma professora de língua portuguesa. Charlotin abriu um largo sorriso ao ser perguntado sobre ter conseguido uma vaga no curso de Ciências Políticas e Sociologia. “Foi uma felicidade, uma bênção de Deus. No Haiti, não havia facilidade para fazer um curso assim. Vou aproveitar muito”, comemorou.
Com ele, estava Wisli Joseph, 25 anos, também haitiano e que vivia em Cuiabá. No Brasil há sete meses, foi através de um amigo da igreja que ele soube das vagas do programa Pró-Haiti da UNILA. “Eu gosto de estudar. É uma possibilidade que tenho de aprender”, disse o novo calouro de Relações Internacionais e Integração. No total, são 82 haitianos, distribuídos em 21 cursos da Universidade.
Na fila para estudantes estrangeiros, Erica Adriana Espinoza, 20 anos, esperava com os pais, Vitor e Angelina, a matrícula para o curso de Medicina. Moradora de Ciudad del Este, Paraguai, Erica contou que sempre quis estudar Medicina. “Chorei muitíssimo quando vi o resultado. Esta foi a conquista da minha vida.” A estudante disse estar bastante animada e interessada pelos estudos e também pela oportunidade de intercâmbio com estudantes de outros países e culturas.
O argentino Mayco Alejandro Macias, 22 anos, que irá cursar Relações Internacionais e Integração, contou que esperava por uma vaga na UNILA há alguns anos. Conseguiu com a seleção direta, modalidade adotada pela Universidade neste ano. “A UNILA tem uma proposta encantadora, que chama a atenção dos estudantes”, comentou. “Pessoalmente, venho estudar aqui porque quero mudar o mundo. Acredito que o conhecimento não tem que estar a serviço dos mercados, mas a serviço dos povos. E o curso de Relações Internacionais é como uma porta para poder mudar o mundo.”
Companheirismo
Para ajudar os estrangeiros que chegam à UNILA, alguns estudantes veteranos formaram um grupo disposto a passar algumas horas do dia nos locais de matrícula. Eles oferecem informações sobre a Universidade e a cidade, alojamento, transporte e apoio com a documentação. “Resolvemos dar uma ajudinha para quem vem de tão longe e tem dificuldade”, explicou o paraguaio Juan Viveros, aluno de Medicina.
Turbulência
A instabilidade econômica que afugenta profissionais brasileiros e estrangeiros do Brasil espanta também estudantes que vieram ao país no auge do interesse externo.
A Universidade de Pittsburgh (EUA), que em 2009 lançou um programa de estágio de dez semanas para trabalho voluntário em organizações no Brasil, desistiu desse modelo. A longa estadia virou uma visita de pouco mais de uma semana.
O projeto foi adaptado pela falta de vagas oferecidas. Apesar de o trabalho ser voluntário, as empresas tinham custos ao receber estudantes.
“Acredito que seja provisório. Ainda há interesse no país, por ser uma economia em formação. As empresas continuam querendo se expor aos talentos e vice-versa”, diz Karla Alcides, diretora para América do Sul do programa de MBA e do centro de educação da universidade.
Na portuguesa Nova School of Business & Economics, que organiza viagens anuais com alunos a São Paulo e Rio, a demanda dos estudantes caiu a ponto de a visita ser cancelada neste ano.
O interesse de universitários americanos que buscam intercâmbio para cursar disciplinas em instituições brasileiras começou a perder força em 2012, conforme dados do Institute of International Education.
O número de alunos, que crescia a taxas superiores a 10% desde 2009, caiu para 4%, com cerca de 4.200 alunos em 2012 e 2013, último dado disponível. A China recebeu mais de 14,4 mil alunos americanos nesse período.
“A China é vista como potência e tem mais cursos em inglês. Mas o governo americano também tem incentivado viagens à América Latina”, diz Marta Bidoli Fernandes, coordenadora da rede EducationUSA no Brasil, que promove o ensino nos EUA.
Paulo Rocha e Oliveira, professor do espanhol Iese no Brasil, diz que o interesse dos alunos da instituição pelo país continua aumentando. Ele atribui isso aos investimentos feitos pelo Iese para firmar base no Brasil, como a manutenção de professores fixos no país e o desenvolvimento de novos programas.
As visitas de uma semana a empresas em São Paulo e no Rio tiveram 14 alunos em 2014, o dobro de 2012.
“Os estudantes percebem que a demanda por mão de obra qualificada ainda é enorme no país, mesmo com a crise atual.”
(Redação + Agências)