Após morte de imigrante, conselheiro da Embaixada do Haiti visita o Acre.
Após a morte da haitiana Milourde Rigueur, de 27 anos, no último dia 4 de maio, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), com diagnóstico de pneumonia, o conselheiro da Embaixada do Haiti no Brasil, Jackson Bien Aimé, visitou o abrigo de imigrantes. Aimé se reuniu com o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, para discutir formas de impedir a entrada descontrolada e irregular dos imigrantes no estado.
“O assunto da morte da haitiana que estava no abrigo aqui no estado, está sendo tratado com as autoridades responsáveis, no Haiti e no Brasil. Nesse momento, os dois governos vão trabalhar para controlar a imigração irregular. No Haiti, o governo trabalha para melhorar a economia e criar empregos, atraindo investimentos e inibindo a imigração”, explicou.
Durante a visita ao abrigo, o conselheiro conheceu o espaço e conversou com os imigrantes, além de registrar em fotos da situação do local. Segundo ele, a atual condição dos imigrantes é muito difícil, alguns reclamaram da comida oferecida e também da falta de atendimento médico. Por isso, explicou que serão realizadas ações em parceria com o governo do Acre, para melhorar a assistência oferecida aos haitianos.
“Vim para conversar com as autoridades do Acre, para ver como podemos melhorar a situação dos haitianos. Sei que a situação é muito difícil, mas estamos trabalhando juntos para bloquear a imigração. Não estou sabendo do incentivo de pastores para que os haitianos venham para o Acre. Além disso, a atuação dos coiotes é muito grave, tanto o governo do Haiti como do Brasil e, principalmente, das regiões de fronteira, devem reforçar ações de fiscalização”, destacou.
Segundo Nilson Mourão, ao menos 36 mil imigrantes atravessaram irregularmente a fronteiro do Acre desde 2010. Destes, pelo menos 32 mil eram haitianos e o restante senegaleses e dominicanos. Atualmente vivem no abrigo 900 imigrantes. Durante a reunião, o secretário diz que foram feitas algumas reivindicações e pediu ações mais rigorosas do governo haitiano, para que a imigração seja controlada.
“Foi uma reunião muito produtiva e o Haiti manifestou o desejo deles de colaborar e parar com a imigração irregular, pois é isso que vem acontecendo. Deixo claro, que o Brasil não faz objeções aqueles imigrantes que entrar no país de forma regular.
Quanto ao abrigo passar a ser responsabilidade do governo federal, o secretário explica que a Casa Civil está mediando esse diálogo para resolver a situação. Entretanto, acrescenta que R$ 1 milhão foi enviado pelo governo federal e que será destinado para amortizar a dívida de R$ 3 milhões com as empresas que transportaram imigrantes para outros estados. Além disso, o estado deve ainda outros R$ 3 milhões em alimentação e aluguel da chácara.
“Todos os contatos com o governo federal são feitos através da Casa Civil. Apesar de pagar esse R$ 1 milhão, ainda estamos devendo R$ 2 milhões. Por conta disso a empresa de transporte se recusa a colocar os ônibus para transportá-los até a liquidação da dívida. Além disso, temos uma outra dívida de R$ 3 milhões, que não sabemos quem vai pagar, se é nós ou o governo federal”, explicou.
Em relação a morte da haitiana Milourde Rigueur, o secretário disse que nem o governo haitiano ou a família tinham condições de pagar pelas despesas do translado. Entretanto, explicou que caso um dos dois mostre interesse, devem pedir a exumação do corpo e apresentar a documentação exigida.
“Como nem o governo haitiano ou a família tinham condições, nós sepultamos o corpo. Isso foi necessário para que o corpo não entrasse em um processo muito acelerado de decomposição. Se a família quiser fazer o translado, não tem problema, eles devem pedir a exumação, pois existe todo um processo judicial”, finalizou
A vítima
A haitiana Milourde Rigueur, de 27 anos, chegou ao estado no dia 24 de abril deste ano e, segundo a Sejudh, já havia chegado ao estado com a doença. A morte ocorreu no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) na segunda-feira 4 de maio. A haitiana chegou a receber atendimento duas vezes na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Sobral.
O haitiano Charles Jean-Rifim, de 37 anos, que conviveu com Milourde, disse que ela reclamava constantemente de dores no estômago e tomava remédio para diabetes. “Ela sofria de diabetes. Quando comia, sentia-se muito mal do estômago e também tinha dores de cabeça. Ela reclamava de dor. Foi quando ela foi para o segundo médico e morreu”, disse.
Milourde foi enterrada em Rio Branco, no dia 5 de maio. De acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, a decisão foi tomada após conversa com marido da vítima, que mora na República Dominicana, que autorizou o enterro.
(O Nortão – 05/05/2015)