Sem política governamental definida, governo empreende diálogo com Estados e países da região para abordar a questão migratória. 

O governo federal prega o diálogo com Estados, municípios e países próximos ao Acre para resolver falhas na estratégia de recepção no Brasil de haitianos, que há meses geram reclamações de prefeitos do Sul e Sudeste.

Desde a semana passada o governo intensificou a discussão de maneiras para aprimorar a comunicação entre o Acre, ponto de entrada da leva migratória, e Estados e cidades de destino dos estrangeiros, a exemplo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, muitas vezes surpreendidos pela chegada de haitianos e senegaleses. Também sobram criticas pela falta de uma estratégia nacional mais organizada para acolher os imigrantes.

As reuniões foram uma das poucas ações objetivas definidas em um encontro entre representantes de diferentes ministérios, como Justiça, Trabalho, Relações Exteriores, Direitos Humanos e Casa Civil.

O Brasil não pretende fechar as portas para os haitianos. Por isso, vai reforçar a estratégia de conceder vistos humanitários em vez de acolher pedidos de refúgio, forma de coibir os ‘coiotes’.

Apesar da disposição de manter a acolhida dos haitianos, em situação vulnerável em virtude do terremoto de 2010, o governo federal não adianta o que pretende fazer para melhorar a rede de acolhida nas cidades que recebem os estrangeiros.

Todavia, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo visitará, na 1a. semana de junho, Peru, Bolívia e Equador para discutir estratégias de combate conjunto às organizações criminosas – os chamados ‘coites’ que exploram os imigrantes a caminho dos Brasil.

Cardozo se reunirá com altos representantes dos três países de segunda-feira à quarta-feira da próxima semana, mas a agenda detalhada ainda não foi estabelecida.

Equador, Peru e Bolívia são países onde os ‘coiotes’ têm grande presença e na maioria de vezes servem de ponte para a entrada de imigrantes de caribenhos e africanas ao Brasil.

“Precisamos ter uma operação de combate conjunta de nossa polícia com outros países. Sem isso, será praticamente impossível um confronto mais rígido como o que queremos contra essas organizações”, ressaltou o ministro durante uma entrevista coletiva.

O governo informou que reforçará a luta contra o tráfico de pessoas principalmente no Acre, que nos últimos anos se tornou uma porta de entrada para imigrantes haitianos.

O Ministério Público pediu, a semana passada, que o governo se encarregue de sustentar e atender as centenas de imigrantes que aguardam em abrigos no Acre a legalização de sua situação no Brasil para buscar trabalho em outras cidades.

O pedido do órgão também exige que o governo combata o tráfico internacional de pessoas, reprima os ‘coiotes’ que se aproveitam dos imigrantes e pague uma indenização de R$ 50 milhões ao Acre como compensação por danos coletivos devido à sua omissão do problema.

(Redação + Agências)