O caso do imigrante senegalês que socorreu uma senhora no trem é um exemplo de desperdício de competência. Enfermeiro de formação, ele trabalha como operário.
Uma idosa passa mal no meio de um vagão de trem e cai no chão. Um dos passageiros aciona o alarme, o trem para e um homem faz o atendimento de primeiros-socorros. Trata-se de um imigrante senegalês.
Ele mediu os batimentos cardíacos da mulher, pediu que alguém trouxesse água para que ela bebesse até que um funcionário companhia de trem apareceu com uma cadeira de rodas. O senegalês então ergueu a senhora nos braços e, cuidadosamente, a colocou sentada na cadeira.
A cena acima foi presenciada pelo produtor e diretor de filmes Ulisses da Mota Costa na estação Rio de Sinos, em São Leopoldo (RS) e registrada em texto e imagens por meio de sua página no Facebook nesta sexta-feira (25/09).
Passado o susto, Costa conheceu Moussa, um senegalês que trabalhou durante 15 anos como enfermeiro no seu país e que vive há um ano e meio do Brasil.
“Moussa me contou que a senhora teve uma crise pressão alta muito violenta. Ele a manteve deitada no chão numa posição que aliviava a pressão das artérias, até ela melhorar. Ele achava que, se ela não tivesse recebido atendimento rápido, poderia morrer em dez minutos”, descreve Costa.
Aqui, ele trabalha numa fábrica de refrigerantes enquanto procura uma oportunidade na sua área.
“Perguntei se o seu diploma era válido no Brasil. Ele me disse que sim. Duas amigas que estavam com ele, brasileiras, confirmaram que ele gostaria de voltar a atender como enfermeiro”, diz o diretor de filmes.
Comovido com a atitude de Mousse e sua situação no Brasil, Costa disse ao imigrante: “que bom que tu estava aqui. Seja muito bem vindo”. E completa: “por ‘aqui’ entenda: neste vagão, neste trem, nesta cidade, neste País)”
Luciana Sarmento
(Brasil Post – 25/09/2015)