O Dia Mundial do Refugiado é comemorado em todo o mundo no dia 20 de junho. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), é uma oportunidade para celebrar a força, a coragem e a perseverança das pessoas que foram forçadas a deixar seus países por causa de guerras, perseguições e violações de direitos humanos.
A seguir, apresentamos, em ordem alfabética, dicas de livros para tratar do tema do refúgio em diferentes contextos com as crianças. Mais do que aprender o conceito, os livros abrem espaço para despertar a curiosidade pelo desconhecido e para o diálogo sobre o respeito pelo diferente.
A memória do mar
Khaled Hosseini
Ilustração: Dan Williams
Tradução de Pedro Bial
Editora Globo
Numa praia em uma noite estrelada, um pai compartilha com o filho lembranças da Síria e sua infância, um país encantador que foi destruído pela guerra, obrigando não apenas aquela família, mas muitas outras a embarcar rumo a terras desconhecidas. O caminho se dá pelo mar grande e indiferente, que deixa o pai do menino Marwan se sentindo impotente para protegê-lo.
As ilustrações de pintura em aquarela ajudam a dar leveza a uma história recheada de emoção. Retratam lindamente o ambiente da cidade síria cheia de vida que ficou na lembrança daquele pai e depois a angústia da fuga pelo mar.
Esse livro, do mesmo autor de O caçador de pipas, é inspirado na história do menino Alan Kurdi, o refugiado de três anos de idade que emocionou o mundo depois de ter se afogado no mar Mediterrâneo quando tentava chegar à Europa em segurança. Em A memória do mar, o romancista Khaled Hosseini deixa para o leitor imaginar um outro final à história de Marwan.
Parte dos recursos angariados com a venda do livro será revertida para a Fundação Khaled Hosseini e para a Agência de Refugiados das Nações Unidas (Acnur).
A menina que abraça o vento – a história de uma refugiada congolesa
Fernanda Paraguassu
Ilustração: Suryara Bernardi
Editora Voo
Com uma narrativa doce e leve, o livro conta a história da congolesa Mersene, uma garotinha que teve que se separar de parte da família para fugir do conflito em seu país. Enquanto se adapta à nova vida no Brasil, ela cria uma brincadeira para driblar a saudade.
Baseado em histórias reais de diversas meninas congolesas refugiadas na cidade do Rio de Janeiro, o livro explica o termo do refúgio, enquanto apresenta a República Democrática do Congo, alguns aspectos da cultura daquele país e a nova rotina da menina no Brasil. Ora Mersene traz características diferentes, como o idioma, ora é retratada como uma menina igual às outras, que tem hora para dormir, para brincar e para estudar.
As ilustrações grandes e coloridas compõem o texto com novos elementos, como o objeto que acompanha a menina pela jornada e a porta aberta que, no início, a protege dos problemas do lado de fora e, ao final, se abre para novas oportunidades. Com um desfecho em aberto, a história deixa no ar a esperança de uma vida melhor.
O livro faz parte do projeto de contrapartida social Um por Um da Editora Voo. Parte dos recursos da venda do livro é destinada ao Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da Cáritas RJ.
Dois meninos de Kakuma
Marie Ange Bordas – texto, fotografias e fotoilustrações
Editora Pulo do Gato
Geedi e Deng são amigos inseparáveis. Companheiros de vida, de sonhos, mas também de inquietações e dúvidas sobre o futuro. Os dois vivem em Kakuma, um dos maiores campos de refugiados do mundo, localizado no Quênia.
Nesse livro, as histórias são narradas em primeira pessoa pelos meninos. São histórias de ficção baseadas na convivência da autora com crianças e jovens em Kakuma. No texto, passagens sobre a fuga da guerra, os dias difíceis no campo de refugiados e a tentativa de levar uma vida “normal”, estudando e brincando.
São crianças com passados diferentes, que compartilham o mesmo presente e inseguranças em relação ao futuro. O livro traz ainda lindas fotos em preto e branco de Kakuma e seus moradores, além de fotoilustrações e informações sobre os deslocados no mundo, sites para saber mais sobre o tema, e dados sobre o campo queniano, criado em 1992 para acolher milhares de refugiados da guerra civil do Sudão.
Malala e seu lápis mágico
Malala Yousafzai
Ilustrações: Kerascoët
Editora: Companhia das Letrinhas
A história real da menina paquistanesa Malala, em versão infantil, trata da superação de obstáculos e da força interior para mudar o mundo a partir do desejo de ter um lápis mágico para apagar a guerra e desenhar meninos e meninas com direitos iguais. Com frases curtas, a história narrada em primeira pessoa trata da rotina da menina no Paquistão até a chegada de homens poderosos e perigosos que proibiram as meninas de ir à escola.
Malala decide então escrever sobre o medo de ir à escola e dar entrevistas para jornais estrangeiros. A menina diz que tentaram silenciar sua voz, sem falar explicitamente do atentado a tiros que quase a matou, porque ela quer ficar conhecida como a menina que trabalha todos os dias para transformar em realidade o sonho de tornar o mundo um lugar mais pacífico.
Em uma carta, Malala convida o(a) leitor(a) a se inspirar em sua história para encontrar magia na própria vida e defender aquilo em que acredita. Na versão infantil, a menção direta ao ataque do Talibã se dá apenas no trecho sobre a autora.
Já na versão infantojuvenil, Eu sou Malala – a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã, em que Malala assina o texto em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, o tiro à queima-roupa e a recuperação milagrosa da garota fazem parte da história da família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que privilegia filhos homens.