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A festa ocorreu no ensolarado sábado carioca. Crédito: JP Rossini/oestrangeiro.org

Também conhecido como Dia de Finados, Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia dos Mortos, o dia 2 de novembro marca uma tradição religiosa de homenagem aos falecidos. Os mexicanos têm sua forma própria de celebrar a data, com o Día de Muertos, uma das festividades mais importantes do país, conhecida mundialmente.

Um dos símbolos nacionais do México e comemorada entre 31 de outubro e 2 de novembro, a Fiesta de Los Muertos mistura tradições indígenas pré-colombianas e ritos católicos. Entre os povos pré-hispânicos era comum, por exemplo, a prática de guardar crânios e exibi-los como troféus durante os rituais que simbolizavam a morte. Além disso, diferente da melancolia usual do feriado brasileiro, para os mexicanos o período é de celebração. Por conta da influência católica na cultura do país, a morte não é vista como algo ruim, e lembrar de entes queridos já mortos é uma forma de comemorar que algum dia os vivos também chegarão à vida eterna.

No último sábado (02/11), foi realizada a terceira edição do Festival do Día de Muertos, no Rio de Janeiro. O evento, que ocorreu no Centro Cultural Correios, reuniu gastronomia, apresentações artísticas, música, venda de roupas tradicionais e artesanato. Entre as atrações musicais, estavam o bloco de carnaval Bésame Mucho, o grupo Mango Mambo e o cantor e compositor mexicano Armando Rosas. Houve contação de histórias e lendas mexicanas, a exibição do filme de animação Viva – A Vida é uma Festa (Disney-Pixar, 2017), que retrata a festividade, assim como o debate “Culturas e visões do Dia dos Mortos Pelo Mundo”, sobre as diferentes maneiras de representar a data.

foto Armando Rosas
Armando Rosas canta. Crédito: JP Rossini/oestrangeiro.org

Organizado pelo Consulado Geral do México no Rio de Janeiro, o festival teve sua decoração inspirada nas tradições do Día de Muertos do país, com símbolos que remetem às tradições, como por exemplo as famosas caveiras mexicanas e a Ofrenda de Día de Muertos. Montada no pátio do Centro Cultural Correios, a Ofrenda representa os altares montados para os mortos no México. Geralmente são colocadas velas junto de objetos e alimentos preferidos de familiares já mortos, além de fotografias dessas pessoas. Flores de cempasuchil, de cor laranja, são despetaladas para formar um caminho até a Ofrenda, rota por onde os falecidos voltam do céu ao altar e aos seus pertences.

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“Ofrendas”. Crédito: JP Rossini/oestrangeiro.org

Uma outra importante marca de interculturalidade do Día de Muertos mexicano é o pan de muerto, pão doce polvilhado de açúcar e moldado em forma de cruzes, folhas ou crânios. Prato tradicional da celebração, o alimento é uma marca do sincretismo cultural entre a Espanha e os indígenas mexicanos. Preparado com farinha, açúcar e erva-doce, entre outros, tem como principal ingrediente o trigo, cultivo que não é nativo do país e foi levado pelos colonizadores.

Você pode encontrar a receita do pan de muerto aqui. E, se quiser saber mais sobre como são as festas de Día de Muertos em diferentes cidades do México, pode ver aqui.

Nossas dicas:

  • No podcast espanhol Hoy Hablamos, os apresentadores falaram um pouco sobre a tradição. Confira!
  • Victor Fuentes-Flores, membro do Diaspotics (grupo que integra este site), se considera um “mexicarioca” e é uma das pessoas que trabalha com culinária mexicana no Rio de Janeiro. Se quiser saber mais, acesse o seu Instagram.
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Victor Fuentes-Flores à esquerda. Mão na massa no Día de Muertos. Crédito: JP Rossini/oestrangeiro.org

 

João Paulo Rossini