Enquanto Estado e União não se entendem sobre as responsabilidades de cada uma das partes…

Uma haitiana morreu depois de dar entrada na emergência de um hospital, em Rio Branco, no Acre. A Secretaria de Direitos Humanos disse que a causa da morte seria tuberculose, mas depois voltou atrás e afirmou que foi pneumonia.

Milourd Rigueur, de 27 anos, chegou ao Acre há 10 dias e esperava a liberação dos documentos para conseguir um trabalho em Santa Catarina.

Charles Rifin, amigo da haitiana, conta que a jovem era diabética e que o estado de saúde dela piorou após a viagem do Haiti para o Brasil. Ele culpa ainda a demora no atendimento dentro do abrigo. “Nós avisamos aos responsáveis que ela estava doente, que não aguentava comer e eles pediam para esperar, esperar e nunca fizeram o que deveriam fazer”, diz.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, que coordena o abrigo, diz que foi dada toda a assistência médica para a haitiana. “Ela chegou com sintomas, passou por atendimento, foi atendida nas UPAs e no último fim de semana piorou e infelizmente veio a óbito”, explica Nilson Mourão, secretário de Justiça e Direitos Humanos.

Esta foi a segunda morte de um imigrante no estado. Eles chegam ao país, geralmente, com anemia, diarreia e gripe. Desde 2010, mais de 30 mil haitianos passaram pelo Acre.

Atualmente, quase mil imigrantes ocupam um espaço que tem condições para receber 200 pessoas. Muitos reclamam da precariedade do local, um chafariz, por exemplo, serve como um armário, onde malas e roupas ficam estendidas. Apesar do mau atendimento, novos grupos chegam a cada instante e aguarda um espaço para se acomodar.

No mês passado, o governo do Acre informou à Presidência da República e ao Ministério da Justiça que não tem mais condições de garantir atendimento humanitário aos imigrantes. “Nós não temos mais condições de dar o atendimento adequado, o governo do Acre está exaurido, nossas equipes estão exauridas”, diz Mourão.

O Ministério da Justiça informa que o assunto é de esfera interministerial e ainda está sendo analisado. Já a embaixada do Haiti diz que fez contato com a família da haitiana e espera, agora, uma decisão dos parentes sobre o local do enterro.

Priscilla Andrade

(G1 – 06/05/2015)