Selecionamos algumas das principais notícias veiculadas na mídia durante o mês
de abril de 2019.
Imigrantes nos Estados Unidos:
Nos primeiros dias de abril, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão,
afirmou em viagem aos EUA, de acordo com reportagem da Folha de São Paulo,
que o governo brasileiro não deveria se meter na situação dos imigrantes
ilegais nos Estados Unidos, a quem chamou de “batalhadores”, e disse que,
se as pessoas saem de seus países de origem, é por conta da falta de
oportunidades. A afirmação foi feita depois da polêmica declaração do presidente
Jair Bolsonaro à Fox News, em março, de que “a grande maioria dos imigrantes em
potencial não tem boas intenções nem quer fazer bem ao povo americano”,
incluindo brasileiros. O presidente recuou pouco depois da repercussão negativa
dessa declaração.

A mesma matéria da Folha destaca ainda a afirmação do ex-estrategista
de Donald Trump Steve Bannon, de que Mourão tenta ao máximo, se mostrar preparado para assumir o Planalto caso Bolsonaro não dê certo no comando do
Brasil.
Vacinação de imigrantes haitianos em Corumbá (MS):
Corumbá costuma ser a principal porta de entrada dos haitianos quando
chegam ao Brasil, depois de enfrentarem dificuldade de encontrar trabalho em
território chileno. No entanto, quando chegam ao município do Mato Grosso do Sul,
não têm como sair dali, porque o acolhimento dos refugiados depende do visto
humanitário concedido em Porto Príncipe. Assim, haitianos que chegam por
Corumbá sem o visto são considerados ilegais, e recebem notificação de 60
dias para regularizar a situação ou sair do Brasil.

Enquanto permanecem no país, ficam hospedados em um hotel no centro da
cidade, onde a Secretaria de Saúde do município organizou uma vacinação no dia
27 de abril. De acordo com reportagem do G1, eles receberam a vacina que
protege contra sarampo rubéola e caxumba, antitetânica, além de hepatite “B”
e febre amarela.
Xenofobia contra brasileiros em universidade portuguesa:
No dia 29, alunos brasileiros foram vítimas de demonstração xenofóbica
em bazar no corredor da faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em
Portugal. De acordo com o Portal Último Segundo, foi exposta, numa caixa que
vendia pedras, um cartaz que indicava gratuidade das aquisições caso suas
finalidades fossem atirá-las a um “zuca que passou a frente no mestrado”. No país,
o termo “zuca” é utilizado pejorativamente para os brasileiros.
Em matéria publicada pela Veja, o ato foi atribuído ao grupo
Tertúlia, que disputa a eleição para a Associação Acadêmica da faculdade. O reitor
da Universidade, António Cruz Serra, prometeu abrir um processo disciplinar. “Não
é admissível na UL nenhum comportamento de xenofobia e serão tomadas posições
para punir exemplarmente os responsáveis”, disse Serra, segundo o jornal
português O Público.
Plataforma online facilita a entrada de refugiados no mercado de trabalho:
No início de abril, em São Paulo, o ACNUR e o Pacto Global da ONU, com
apoio da ONU Mulheres, lançou o site Empresas com Refugiados, que tem como
principal objetivo facilitar a contratação de refugiados por iniciativas brasileiras e
integrá-los ao mercado de trabalho nacional.
A plataforma visa a estimular o empreendedorismo, incentivar os meios de
conhecimento e educação e apoiar a realização de iniciativas de sensibilização e
engajamento. Para isso, oferece informações sobre as práticas corporativas que
contratam refugiados e disponibiliza informações gerais, pesquisas relevantes e
orientações para empresas interessadas no processo de contratação de refugiados.
“Queremos que a plataforma inspire mais empresas a contratar refugiados.Quando um empresário vê outras organizações já atuantes nesta frente e percebe
os benefícios diretos para o negócio, é estimulado a fazer o mesmo” disse o
secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira, ao ACNUR Brasil.

Exército prepara contingente para atuar no acolhimento de imigrantes:
A Operação Acolhida, em Roraima, receberá 500 militares paulistas, de
acordo com matéria da TV Brasil. Desde março de 2018, período em que foi
iniciada, a iniciativa recebe tropas dos oito comandos militares do país em escala de
revezamento. Desta vez, o Sudeste enviará seu primeiro contingente, que realizou
treinamento com simulações de conflito no último mês.
Imigrantes na educação brasileira – crescimento e novas oportunidades:
De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o número
de matrículas de alunos estrangeiros cresceu 18% em 2019. Conforme publicado
pelo G1, a rede estadual registrou 11.905 matrículas em 2019, contra 10.034
em 2018. Destes alunos, a maioria (5.022) são bolivianos, seguidos de japoneses
(1.307) e haitianos (998).
Já no norte do país, durante a última semana de abril, a Universidade
Federal de Roraima (UFRR) divulgou edital para graduação destinada
exclusivamente a imigrantes, solicitantes de refúgio e refugiados. Foram
dispostas 36 vagas em diferentes cursos: Licenciatura e Bacharelado em Ciências
Biológicas (6 e 9, respectivamente), Ciência da Computação (8), Ciências
Contábeis (1), Licenciatura em Física (7), Bacharelado em Matemática (3) e
Pedagogia (2). Segundo o portal G1, as inscrições poderiam ser realizadas até
o dia 10 de maio.
A solidariedade dos venezuelanos com as vítimas do temporal no RJ:
O temporal que devastou vários bairros do Rio de Janeiro em abril provocou
uma corrente solidária que uniu nacionalidades. Um grupo de refugiados
venezuelanos esteve na Fundação para Infância e Adolescência (FIA), em Botafogo
(RJ), e fez uma doação para os desabrigados pelas chuvas.
Segundo a matéria do portal G1, a doação foi combinada através de um
grupo de WhatsApp que a comunidade mantém no Rio de Janeiro. Além disso, a
jornalista Desirée Borges e a advogada Berta Guzman iniciaram uma campanha de
arrecadação junto aos seus conterrâneos. Com o dinheiro arrecadado, compraram
fraldas, produtos de higiene pessoal e de limpeza, além de alimentos não perecíveis
e água. No fim, 200 pessoas fizeram contribuições.

Desirée, a jornalista que mobilizou a ação, disse: “É o mínimo que
podemos oferecer ao povo que nos abraçou e acolheu com carinho. Os
venezuelanos estão passando por necessidades. Eu também passei e sei da
importância de ajuda. Qualquer que seja”.
A lembrança da situação da Venezuela voltou para muitos refugiados com a
catástrofe natural que ocorreu no Rio. A jornalista também deu um depoimento
dizendo que e todos os venezuelanos que estavam lá queriam também poder ajudar
a Venezuela, mas enquanto não era possível, eles faziam a parte deles com um
povo que os acolheu tão bem.
Por: Ana Luiza Petacci, Rafael Vasconcelos e Mayra Bragança. Supervisão de Fernanda Paraguassu.