A exposição “Diáspora”, do artista brasileiro Josafá Neves, trata dos cinco séculos da
diáspora africana no Brasil. Sua motivação é ir na contramão dessa separação, da
dispersão do negro em contexto brasileiro. Para tanto, o artista reúne e expõe na
mostra, que foi montada sob a curadoria de Bené Fonteles na Caixa Cultural, no Centro
do Rio de Janeiro, símbolos e indivíduos representativos da grande influência negra na
formação cultural da nossa sociedade, apresentados a partir da visão poética de
Neves.

Base da economia colonial, do século XVI ao XIX a mão de obra escrava teve como
base a exploração dos milhões de africanos que foram trazidos de maneira forçada
para o país através do tráfico negreiro transatlântico. Esses indivíduos trabalharam
principalmente na colheita da cana de açúcar e de café, e até hoje vivemos as
consequências e as desigualdades causadas historicamente pela escravidão negra.
Seu legado africano no Brasil enriqueceu o patrimônio cultural brasileiro,
especialmente na música, na dança, na religião, na culinária e no idioma. Josafá Neves
traz para a exposição obras dos orixás como Xangô (foto) e Oxóssi, esculpidos em
madeira, além de quadros pintados a óleo representando personalidades negras
essenciais para a cultura nacional, como Cartola, Clementina de Jesus, Elza Soares,
Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Nelson Sargento e Pixinguinha.

O artista também montou uma série chamada “navios negreiros”, denunciando a
precariedade do transporte da África para o Brasil, e na qual a animalização dos
escravos fica evidente, em pinturas em que as pessoas retratadas disputam restos de
comida e seus corpos são parte humano e parte animal. Um painel afro-indígena (foto)
foi montado por Josafá Neves, resultado das oficinas realizadas com alunos da
Universidade Católica de Brasília e estudantes e professores da rede pública de
educação básica do Distrito Federal.

A exposição “Diáspora” fica em cartaz na Caixa Cultural até o dia 22 de dezembro de
2019. A Caixa Cultural fica na Av. Almirante Barroso, nº 25, no Centro do Rio de
Janeiro, e funciona de terça a domingo, das 10h às 21h.

João Paulo Rossini