Quando o refugiado é branco europeu
Em artigo no jornal Folha de S. Paulo, Cida Bento fala sobre o racismo na mais recente crise de refugiados.
“A dor e o espanto de ver refugiados de olhos azuis e cabelos loiros, brancos e cristãos “como nós”, “poderiam ser nossos vizinhos” explicitado, em expressiva parte da cobertura da guerra, revelam o quanto o pacto da branquitude de proteção e cuidados entre “iguais” é um fenômeno mundial e eurocêntrico. Não pode ser rompido, pois os “iguais a nós, brancos europeus”, não poderiam ser atingidos pela violência que assola refugiados sírios, afegãos, iraquianos, indianos e
principalmente africanos.”
Como o racismo se manifesta na nova crise de refugiados
Mais de 870 mil ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa, segundo dados divulgados na quarta-feira (2) pelo Acnur, alto comissariado da ONU para refugiados. A previsão do órgão é de que o número chegue a 4 milhões se a situação no país piorar. (atualização em 08/04: o número de refugiados ucranianos chegou a 4,32 milhões, de acordo com a ONU).
O conflito faz a Europa enfrentar o que pode ser sua maior crise de refugiados desde 2015, quando recebeu intensos fluxos migratórios principalmente da Síria. A recepção aos ucranianos, porém, tem sido
maior do que a dada a outros refugiados, o que levantou comparações e acusações de racismo no modo como europeus lidam com a imigração.
Neste texto, o Nexo explica qual a situação dos refugiados da Ucrânia e como eles têm sido recebidos por governos europeus. Mostra também quais são as acusações de racismo em torno da crise migratória.
Governo de SP liberta 8 imigrantes bolivianos em trabalho análogo à escravidão
A Operação Andrápodon, realizada na cidade de São Paulo, resgatou 8 vítimas de trabalho análogo ao escravo. Durante a ação, 8 imigrantes bolivianos foram libertados em uma confecção no Bom Retiro, na região central da capital paulista.
De acordo com o site do governo do Estado de São Paulo, a operação foi realizada pela Secretaria de Justiça e Cidadania, por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de São Paulo (NETP), e da Polícia Civil, com agentes do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) e da 1ª Delegacia Seccional da Capital.
‘Mulher corre mais risco’, diz diretora de ONG que ajuda refugiados
“O mundo é masculino. Quando se vê uma mulher sozinha, em situação de extrema vulnerabilidade, sem dinheiro e desesperada, há uma interpretação de que ela pode ser alvo de abusos”. Luciana Capobianco,
diretora da ONG Estou Refugiado, resume assim a situação em que mulheres refugiadas por vezes são colocadas ao fugirem de guerras, perseguições ou outros fatores que desestabilizam o próprio país. “Essas pessoas passam por situações de abuso ou de muito estresse. O mundo as olha como vulneráveis, mas elas não são, elas estão”, pontua.
O maior fluxo de refugiados para o Brasil vem da Venezuela: até dezembro do ano passado, foram 57 mil pedidos de refúgio de venezuelanos e venezuelanas, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para se ter uma ideia, o número é seguido por pedidos do Senegal (3.487) e Haiti (2.848), destaca a matéria do portal UOL.
Europa tem duplo padrão de acolhimento de refugiados, diz ex-diretor do ACNUR
Com 35 anos de experiência em instituições internacionais voltadas a refugiados, o britânico Jeff Crisp se diz positivamente surpreso com a receptividade da Europa aos ucranianos que fogem da guerra. O outro lado desse acolhimento, porém, é ter exposto a diferença com que esses mesmos países lidam com refugiados de outras nacionalidades, como sírios e afegãos.
Em entrevista à Folha, Crisp, que foi diretor de políticas do Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) e da Comissão Global para Migrações Internacionais, analisou o que está por trás desse “duplo padrão” de acolhimento, as razões para o êxodo ucraniano ser tão veloz e os impactos que essa migração em massa deve ter sobre o sistema humanitário global.
Concessão de status de refugiado no Brasil por opinião política bate recorde em 2021
Os reconhecimentos de refúgio por opinião política vêm crescendo no Brasil desde 2018. O número de 2021 foi o mais alto desde 2016, início da série histórica da Plataforma Interativa de Decisões sobre Refúgio, uma iniciativa do Comitê Nacional para os Refugiados em parceria com o Acnur. O dado de 2021 representa um crescimento de 134% em relação a 2020, quando houve 154 deferimentos.
Um primeiro fator para esse aumento é a forma de análise. Segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) João Jarochinski, em entrevista ao portal Terra, no momento em que as solicitações são analisadas individualmente, o que ocorre nos pedidos por opinião política, um quadro de crescimento no número de reconhecimentos é esperado ano a ano.
Na fronteira da Polônia, refugiados de eventos geopolíticos diferentes revelam desigualdade na Europa
No dia em que a guerra estourou na Ucrânia, Albagir, um refugiado de 22 anos do Sudão, estava deitado no chão congelado da floresta na entrada da Polônia, tentando se manter vivo. Naquela mesma noite, em uma pequena cidade perto de Odessa, Katya Maslova, de 21 anos, pegou uma mala e seu tablet, que ela usa para seu trabalho de animação, e pulou com sua família em um Toyota RAV4 bordô. Eles fugiram em um comboio de quatro carros com oito adultos e cinco crianças, parte do êxodo frenético de pessoas tentando escapar da Ucrânia devastada pela guerra.
A reportagem do jornal O Globo, demonstra que experiências tão díspares ressaltam as desigualdades da crise de refugiados na Europa. Eles são vítimas de dois eventos geopolíticos muito diferentes, mas estão perseguindo a mesma missão — escapar dos estragos da guerra. Enquanto a Ucrânia apresenta à Europa o maior surto de refugiados em décadas, muitos conflitos continuam a arder no Oriente Médio e na
África. Dependendo de qual guerra uma pessoa está fugindo, as boas-vindas serão muito diferentes.

Refugiados consideram brasileiros acolhedores, mas sofrem discriminação, diz pesquisa
Refugiados que vivem no país consideram os brasileiros solidários e acolhedores, mas muitos relatam ter sofrido discriminação por sua nacionalidade ou sua raça, especialmente os que vêm de países da África, mostra uma pesquisa que avaliou a percepção e as dificuldades vividas por esses imigrantes.
O levantamento, realizado pela ONG Estou Refugiado com o Instituto Qualibest entre janeiro e setembro de 2021, entrevistou 503 refugiados ou solicitantes de refúgio.
A amostra, divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, não é representativa dessa população, mas tem um perfil semelhante ao da média desses imigrantes, com a maioria tendo vindo da Venezuela (61%) e morando em Boa Vista (39% do total) ou em São Paulo (34%). Os demais são angolanos, congoleses, sírios e de países como Colômbia e Cuba, e o tempo em que estão no Brasil varia de seis meses a sete anos.
PF mantém operação para ajudar imigrantes em vulnerabilidade
A Polícia Federal (PF) agendou, no período de 7 de janeiro a 11 de março, 970 atendimentos referentes a oito tipos de situações. Os agendamentos fazem parte da primeira fase da Operação Horizonte, que visa a facilitar e agilizar o acesso de imigrantes em situação de vulnerabilidade ao atendimento público. A ação é feita por meio da Delegacia de Controle Migratório, em parceria com o Centro de Integração e Cidadania do Imigrante (CIC do Imigrante), a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e a Agência da ONU para as Migrações (OIM).
De acordo com a reportagem da Agência Brasil, a PF, devido aos bons resultados a operação, terá a segunda fase iniciada no dia 1º de abril, com a ampliação dos atendimentos. A lista de documentos necessários a cada atendimento prestado na segunda fase pode ser encontrada na
página da PF ou no portal do Acnur.
