O número de matrículas de alunos de outras nacionalidades em escolas brasileiras mais do que dobrou na última década.
O número de matrículas de alunos de outras nacionalidades em escolas brasileiras aumentou 112% no período de oito anos. Em 2008 foram 34 mil matrículas registradas de imigrantes ou refugiados, enquanto em 2016 o dado saltou para quase 73 mil. As informações são do levantamento feito pelo Instituto Unibanco com base nos dados do Censo Escolar 2016, que é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação.
Segundo o levantamento, a rede pública de ensino é a que mais acolhe esses estudantes: 64% do total. Os dados do censo também mostram que os latinos representam mais de 40% dos alunos estrangeiros no Brasil, concentrando-se principalmente na rede pública, seguidos pelos europeus, asiáticos e norte-americanos.
O superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, afirma que as escolas públicas não estão preparadas para receber este público. Diante disso, ele destaca que a gestão escolar é imprescindível para promover o acolhimento do aluno e a sua interação com outros estudantes, bem como com os professores. Ele sinaliza que os dois principais desafios residem no idioma e nas diferenças culturais.
Diploma
O processo de validação do diploma no Brasil é outro problema enfrentado pelos imigrantes e refugiados. De acordo com os dados da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados a validação do diploma pode custar até 20 mil reais.
A Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) fechou uma parceria com a ONG Compassiva, que presta atendimento individual aos que desejam ter seus diplomas reconhecidos. Desde 2016, quando a parceria começou, a Compassiva deu início a 78 processos e revalidou 18 diplomas em diferentes áreas. A maior parte dos requerimentos, segundo a ONG, é para diplomas em medicina, ciências contábeis, economia e farmácia.
“Essas pessoas estudavam, atuavam profissionalmente e contribuíam para o desenvolvimento de seus países. Agora, aqui no Brasil, devem ter a oportunidade de começar uma nova fase de suas vidas por meio da aplicação prática de seus conhecimentos“, diz Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.
“Apoiá-los na revalidação de seus diplomas não é somente devolver um documento. É resgatar parte de sua história, sua trajetória como ser humano e tudo o que eles aprenderam e construíram em suas vidas durante anos”, diz André Leitão, presidente-executivo da ONG.